São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994
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Grupo Fiat prevê lucro de US$ 700 milhões em 1994

MÁRCIA DE CHIARA
ENVIADA ESPECIAL À ITÁLIA

A Fiat, o maior grupo privado da Itália, sai do vermelho. A expectativa é de fechar 1994 com um lucro de US$ 700 milhões, faturando U$ 40 bilhões, 15% mais do que em 1993.
No ano passado, devido à crise no mercado automobilístico europeu, a Fiat acumulou um prejuízo de US$ 841,4 milhões.
Para dar a volta por cima, o grupo com cerca de 1.200 empresas em 16 setores diferentes, lançou novos modelos de automóveis, aumentou as exportações, vendeu ações e cortou despesas.
E mais: começa a investir pesado em um novo modelo de organização da produção industrial, a chamada "fábrica integrada".
Trata-se de uma unidade mais produtiva, enxuta e semi-automatizada que, além do trabalho do homem, conta com robôs. A Sata (Società Automobilistica Tecnologie Avanzate), que começou a funcionar este ano, é uma delas.
Nessa fábrica situada na cidade de Melfi, a 180 quilômetros ao sul da Nápoles, a produtividade média é de 79 carros por funcionário ao ano. A média das montadoras européias oscila entre 45 e 50 veículos por operário.
Um dos pilares da "fábrica integrada" é que o carro nasce sob encomenda.
Uma das cinco versões do Punto e novo modelo Lancia Y 11, a ser fabricado a partir de janeiro, só começam a ser produzidos na hora em que a revenda tira o pedido e o comprador paga 20% do valor do carro. Depois de 20 dias, o veículo está pronto.
"Trata-se de um 'just in time' perfeito", diz o engenheiro Daniele Bandiera, diretor da Sata.
O "just in time" é um sistema em que a produção está ajustada ao mercado. Os estoques dentro da indústria são praticamente zero.
Todas a manhãs, pela linha ferroviária que corta a fábrica, chega um trem carregado de motores e caixas de câmbio produzidos nas fábricas de Termoli e de Turim, no norte do país. O volume entregue dá conta da produção de um dia.
Numa área de 2.700 metros quadrados ocupada pela fábrica, que consumiu investimentos da ordem de US$ 3 bilhões, não há escritórios e nem armazéns.
Cerca de 20 fornecedores instalados dentro da própria unidade de produção da Fiat respondem por 42% das peças usadas. Além disso, a quantidade de veículos acabados parados no pátio é mínima.
Minifábrica
A "fábrica integrada" é formada por 31 ilhas de produção, espécie de minifábricas.
Cada uma delas é responsável por uma parte do processo de montagem do carro.
Um time com cerca de 50 funcionários, que reúne do operário ao engenheiro, é comandado por um gerente. Ele tem total autonomia na sua administração.
Com isso, explica Bandiera, é possível obter maior velocidade nas decisões, reduzir custos e aumentar a competitividade.
Atualmente, a fábrica não está operando a todo vapor: produz cerca de 800 veículos por dia e emprega 3.500 funcionários.
A meta é dobrar a produção e o número de funcionários até 1996.
A jornalista MÁRCIA DE CHIARA viajou a convite da Fiat.

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