São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994
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Deu a louca na lógica do futebol brasileiro

Especuladores devem medir as palavras

MARCELO FROMER E NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Palmeiras e Corinthians já estão classificados e, por isso mesmo, parecem ter puxado o breque de mão para se poupar para a reta final.
O Palmeiras já faz tempo vem jogando um futebol-caranguejo. Talvez o Rivaldo tenha dado mais passes para trás e para o lado do que para frente. O Palmeiras está cansado de si próprio. O Corinthians talvez seja o maior favorito ao título. O Viola voltou a jogar, o Marcelinho está abençoado e o Jair Pereira inteligentemente não dá ouvidos a uma torcida que tem coragem de chamá-lo de burro.
O São Paulo tem sido massacrado pela maratona de jogos, mas isso é culpa da ganância da diretoria. E Telê Santana, que luta tanto pelo bom futebol, deveria impor condições mais humanas para desenvolver seu trabalho de mestre e garimpeiro.
A Portuguesa, em nova fase, deveria estampar em letras garrafais no Canindé: "Torcedor, não desista, há uma Lusa no fundo do túnel".
Como disse um santista da era Pelé, o Chulapa gosta mesmo é de segundo turno. E, se esse trio entrosar de verdade, é para botar medo. Guga, Neto e Macedo. Agora, é o Guarani o melhor dos paulistas no momento, o mais confiante sob a batuta de Carlos Alberto Silva. Com Amoroso e Luizão, por que não Guarani campeão?
Os cariocas apenas sobrevivem e quem sofre é o imenso Maracanã. É de cortar o coração ver um Fluminense e Palmeiras com cinco gols e apenas 5% de lotação. O Flu com Djair, um craque já faz tempo, e Luís Henrique, há mais tempo ainda, quando quer jogar traz problemas aos adversários.
O Vasco joga com um pé à frente e outro atrás. Ao mesmo tempo que se renova com facilidade, tem um técnico que deixa no banco suas melhores novidades; um absurdo. O Botafogo tem o Túlio, mas não é só. O lateral Jéferson é bom de bola e o Renato Trindade, um técnico de futuro; presente. Com o Flamengo é diferente, não dá para saber o que está acontecendo.
No sul, o Inter incomoda se inspirado, o Grêmio tem se virado com o que tem. Minas mandou seus representantes para a repescagem, e um pode chegar lá pela porta dos fundos. O Sport merece destaque; tem um bando de craques.
Mas todo cuidado é pouco. Os gozadores precisam medir as palavras, pensar duas vezes antes de achincalhar o próximo. Os cronistas esportivos, eternos especuladores, esses sim estão em maus lençóis. Suas palavras podem perder o sentido do dia para a noite. Este artigo pode agora estar sofrendo exatamente disso. Faça chuva, faça sol, deu a louca na lógica do futebol.

Quem foi o gênio que inventou o formato e as regras do Campeonato Brasileiro de 94?
Resposta: "Foi deliberadamente feito e aprovado por Ricardo Teixeira e sequazes para evitar que o interesse ficasse centralizado em São Paulo. Creio que, por pontos corridos, a disputa ficaria restrita a Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos e Guarani".
(José Salles, de São Paulo, SP)
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