São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994
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Um novo jogo

CIDA SANTOS

Nos três jogos que disputou no Super Four, a seleção brasileira aproveitou bem as novas regras do vôlei. Sacou de pontos variados do fundo da quadra e Ida acabou até entrando para a história como a primeira atleta a fazer uma defesa válida com o pé.
Apesar de o lance não ter sido intencional, a jogadora, pela habilidade, foi até chamada pelos jornalistas japoneses de "Ida Romário".
Em terras brasileiras, as novas regras passam a vigorar a partir de 1º de dezembro. Ou seja, já serão aplicadas na Liga Nacional.
Para o Mundial Feminino de Clubes, que terá início dia 22 em Osasco, ainda não há nada definido. A Confederação Brasileira espera uma resposta da Federação Internacional.
O objetivo alegado para as mudanças de regras é favorecer a defesa e aumentar o rali de jogo, ou seja, a bola fica sem cair no chão e em disputa entre os dois times.
Mas na prática, isso pode não acontecer. O motivo? O saque, que agora ganhou mais poder.
Podendo sacar de qualquer ponto da quadra, o jogador passa a ter um ângulo maior pela frente. Resultado: dificuldades maiores para a recepção e também para o levantador, que sem passe na mão terá que jogar com bolas altas.
Quem ganha é o bloqueio, que terá mais facilidade para marcar essas jogadas. Com isso, o jogo pode ficar mais reduzido ao binômio saque-bloqueio.
O técnico da seleção brasileira, José Roberto Guimarães, fala que essa mudança implicará também em novos treinos e posicionamentos para a recepção.
Ele cita um exemplo: hoje em dia, 99,9% dos jogadores têm habilidade de passar do lado esquerdo e não do direito. Ou seja, a bola é passada no sentido da esquerda para a direita, lado da quadra onde o levantador se posiciona.
Mas a mudança que deverá provocar mais estranheza nas partidas é a permissão para defender com qualquer parte do corpo.
Imagine essa cena: ataque forte do time adversário. Em vez de peixinho ou rolamento, jogadas de técnica apurada de defesa, o atleta coloca o pé na bola.
Zé Roberto diz que com essa mudança o vôlei perde o seu refinamento técnico de defender com as mãos. E ganha uma certa rusticidade com a entrada dos pés em cena. É um outro jogo.
Agora é aguardar os atletas ganharem um domínio um pouco maior com a bola nos pés para ver o que eles vão fazer.

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