São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994
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Parem as máquinas que vem aí disco novo dos Beatles

ANDRÉ FORASTIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Parem as máquinas que vem aí disco novo dos Beatles
Parem as máquinas que tem um disco inédito dos Beatles saindo. É, dos Beatles.
A notícia pegou o planeta de surpresa, o que sem dúvida era justamente a intenção da gravadora. Nesta sexta-feira, George Martin, produtor dos Beatles, estará numa entrevista coletiva com jornalistas do mundo inteiro, explicando o álbum.
É um CD duplo com 56 faixas, das quais 30 (!) não fazem parte do repertório oficial dos Beatles. São, na maioria, músicas que a banda tocava em shows no começo da carreira –clássicos do rock, como "Johnny B. Good".
Quem viu este filme recente, "Backbeat –Os Cinco Rapazes de Liverpool", conhece bem o início da história da banda, ainda com Stu Stucliffe e Pete Best, quando eles tocavam basicamente covers (quem diz que esse negócio de banda de cover não leva a nada?).
As faixas foram gravadas em diversas ocasiões para serem transmitidas pela rádio estatal inglesa BBC, daí o nome do disco, "The BBC Series". Para acabar de tornar o pacote irresistível, o CD traz uma faixa inédita de Lennon & McCartney. O disco sai na Inglaterra no dia 30 de novembro e aqui deve sair, se não simultaneamente, no máximo uma semana depois.
The Who
A banda Mod por definição é The Who. Pois está saindo uma caixa do The Who. Durante a new wave, um grupo ressuscitou sozinho a atitude Mod –o Jam. Seu ex-líder, Paul Weller, está de novo em evidência, vendendo bem e sendo considerado um gênio. Para completar, revistas de moda do mundo inteiro começaram a vestir seus modelinhos com roupichas Mod. Agora só falta a volta por cima do Ira!, que, se alguém se lembra, gravou em seu primeiro disco "Ninguém Entende Um Mod" (boa música).
Tudo bem, tudo bem. Só não deu para engolir o slogan da coleção de roupas Mod da loja de departamentos londrina Harrods. É "Hope I Buy Before I Get Old". The Who explodiu internacionalmente cantando "Espero morrer antes de envelhecer" em "My Generation". Substituir esse grito por "Espero comprar antes de envelhecer" é vomitante. Marketeiros e publicitários que me desculpem, mas algumas coisas são sagradas. Têm que ser. Se não, nada faz sentido e nada tem graça.
E já que o assunto de hoje é velharias, aproveito para falar de Greg Ginn. Você foi no show da Rollins Band? Gostou? Pois Rollins era cantor de uma das melhores bandas californianas de punk, o Black Flag, cujos discos todos devem ouvir.
OK, quase todo mundo sabe disso. O que nem todo mundo sabe é que quem mandava no Black Flag era o guitarrista Greg Ginn, Rollins só cantava e esmurrava a platéia. Ginn é muito legal de várias maneiras diferentes. Fundou na época o selo SST, que entre muitas contribuições à humanidade lançou os primeiros discos de bandas fundamentais (inclusive o Sonic Youth). Hoje o selo já é quase um conglomeradinho, reunindo as "marcas" SST, Cruz e New Alliance (se por acaso você for para Los Angeles, vá até a SST Super Store. É na Sunset Boulevard, 8847).
E Ginn continua em alta atividade. Há alguns meses lançou um bom álbum "Let It Burn (Cause I Don't Live Here Anymore)". E recomendo especialmente o disco "Getting Even", tão furioso quanto qualquer coisa do Black Flag. Bom, talvez não tão bom quanto "Six Pack" e "TV Party". Mas vale a pena mesmo assim.

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