São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Brizolismo acabou, diz tucano

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

O tucano Marcello Alencar, 69, disse ontem à Folha que sua eventual eleição ao governo do Rio representará o fim do brizolismo como força política hegemônica no Estado.
Ele comparou a situação do Estado à da Prefeitura do Rio em 1988, quando foi eleito e tirou o município da falência. "É uma massa falida", afirmou.
Folha – A sua vitória seria o fim do brizolismo no Rio?
Alencar – É uma reiteração. César Maia foi o primeiro a sair do PDT e ganhar uma eleição. Minha vitória consolida o fim do brizolismo como força hegemônica. Os resíduos são pequenos. A bancada dele está se desfazendo.
Folha – Como prefeito do Rio pelo PDT, o sr. não conseguiu projeção nacional. Vai tentá-la agora, no PSDB?
Alencar – Sem dúvida. A Eco-92 me projetou até fora do país, mas, no aspecto de uma responsabilidade política nacional, você tem razão. Só agora, no PSDB, vai se desenvolver. Quero que o Rio cumpra o papel federativo que sempre teve. Quando abro o palácio Laranjeiras para o presidente se hospedar, é para devolver à cidade sua identidade. Pode não ser a capital administrativa, mas vai ser cultural e política.
Folha – Como o sr. vai furar o domínio dos paulistas e cearenses no PSDB nacional?
Alencar – Covas, Ciro, Tasso e Serra são homens da maior categoria. Têm suas divergências, que não extrapolam os limites necessários à convivência. O Rio entra como o Estado cosmopolita, que não se prende ao bairrismo.
Folha – Mas o sr. teria poucos deputados federais tucanos do Rio. Não é pouco cacife?
Alencar – Espero uns oito, mas quero ter um papel importante em relação aos 46. Vou procurar incorporá-los ao projeto de grandeza do Rio, sem preconceito.
Folha – Vai tentar levar o apoio da bancada fluminense, de todos os partidos, para FHC?
Alencar – Esse é um dos pontos que quero desenvolver. É um esforço que faz parte de minha atuação política. Não vou trabalhar o micro, vou descentralizar.
Folha – O ex-governador Brizola destinou cerca da metade do orçamento à educação, aos Cieps. O sr. diminuiria isso?
Alencar – Nenhum orçamento concebe dedicar 50% a um setor. Brizola não quis passar o segundo governo sem construir 500 Cieps. Vou aumentar o percentual de segurança e saúde, principalmente.
Folha – Tirando de onde?
Alencar – De áreas menos prioritárias. Nas obras públicas, quero compensar a redução com recursos externos e buscar parcerias com a iniciativa privada.

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