São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Virtual eleito, Covas anuncia reformas

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mário Covas (PSDB) acordou ontem governador de São Paulo. Toda a cautela da campanha foi deixada de lado e, desde cedo, o candidato já dava entrevistas como governador eleito.
Covas estava confiante no resultado das pesquisas eleitorais. Às 17h, a pesquisa de boca-de-urna do Datafolha confirmou que o tucano deve se eleger com 52% do total de votos, contra 38% de Francisco Rossi (PDT).
Ainda pela manhã, Covas informou que na próxima semana vai procurar o governador Luiz Antonio Fleury Filho para iniciar o processo de transição do governo.
O tucano anunciou que fará uma ampla reforma administrativa. Prometeu fundir as Secretarias de Transportes com a de Transportes Metropolitanos.
Anunciou duas outras medidas na área administrativa. Uma é a extinção da Secretaria de Assuntos Penitenciários. A outra é a criação da Secretaria de Negócios Metropolitanos.
"Não vejo muita razão para ter uma secretaria apenas ligada a presídios", afirmou. Segundo ele, a administração dos presídios passará para a Secretaria da Justiça ou da Segurança Pública.
O virtual governador eleito voltou a dizer que, na escolha de seu secretariado, indicará nomes do PFL, partido com quem se coligou desde o primeiro turno. Quer também conversar com os partidos que o apoiaram no segundo turno.
"Vamos ter que conversar com eles (os partidos) para saber o que eles pretendem em relação ao governo futuro", declarou. PT, PPR e parte do PMDB apoiaram Covas.
Mas Covas demonstrou que seu principal objetivo é mesmo o apoio do PT. Indagado se, na escolha do secretariado, teria mais afinidade com os petistas ou com o PPR, respondeu:
"Meu partido é de centro-esquerda. Tenho afinidade com o partido que está mais próximo politicamente". Os repórteres perguntaram se ele estava se referindo ao PT. "Faça a sua avaliação", disse.
O senador disse que o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso terá prioridade sobre ele na escolha de nomes para sua assessoria. É que vários nomes cogitados para os dois governos trabalharam nas duas equipes.
Covas prometeu trabalhar em parceria com a iniciativa privada para manter as obras que o Estado não tem dinheiro para tocá-las.
Citou a construção da segunda pista da rodovia dos Imigrantes, que liga são Paulo à Baixada Santista, a rodovia Raposo Tavares e o Anel Rodoviário que circundará a cidade de São Paulo.
Covas também prometeu melhorar os salários dos professores e dos policiais. "Um policial ganha R$ 188,00 e querem que ele enfrente um bandido a cada instante", afirmou.
Ao contrário da campanha, o tucano estava ontem bem-humorado e conversou, descontraído, com os jornalistas. Só mudou de comportamento depois de votar, às 12h10.
Acompanhado da mulher, Lila, Covas votou no prédio das FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), na rua Iguatemi, zona oeste de São Paulo. Ao sair, usou seu esquema de segurança para impedir que a imprensa o seguisse.
O carro de Covas, um Santana placas BOJ-6798, parou em frente ao seu comitê. Para que o candidato fugisse, dois carros de de sua segurança fizeram uma barreira e isolaram os veículos de imprensa.
Reapareceu às 19h no comitê eleitoral. Foi recepcionado por militantes do PSDB. Deu novas entrevistas e evitou falar como governador eleito. Às 22h, foi cumprimentado pelo deputado José Genoino (PT).

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