São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 1994
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Clóvis Carvalho recebe apoio para a Fazenda

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Setores do PSDB de São Paulo e da indústria paulista preferem Clóvis Carvalho para ministro da Fazenda do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Os tucanos paulistas apostam no capacidade administrativa de Carvalho, atual secretário-executivo da Fazenda, nomeado por FHC.
Os empresários paulistas acham que Carvalho seria mais sensível às suas propostas de mudança na política cambial.
Para o empresariado, o dólar barato vai liquidar a indústria brasileira, ao encarecer exportações e baratear importações. Para o núcleo da equipe econômica, a política cambial é instrumento essencial do Plano Real.
O núcleo da equipe econômica é formado pelos economistas Pedro Malan, presidente do Banco Central, Edmar Bacha, assessor especial da Fazenda, Gustavo Franco, diretor do BÁ, e Pérsio Arida, presidente do BNDES.
Eles têm origem acadêmica comum, o curso de pós-graduação da PUC do Rio, e prestígio no circuito internacional. E são tucanos desde o lançamento do PSDB.
Carvalho é um estranho nesse ninho. Paulista, engenheiro pela Escola Politécnica (USP), fez carreira de executivo. Não tem demonstrado oposição aos rumos do plano. Mas o empresariado acredita que teria conversa mais fácil com uma pessoa que já ocupou cargos importantes na indústria paulista. Além disso, Carvalho é politicamente muito ligado ao senador eleito José Serra, que tem trânsito no empresariado paulista.
Carvalho é um executivo duro, que mantem seu pessoal sob pressão. Ele costumava apertar os economistas exigindo "mais decisão e menos discussão".
Essa tensão não gerou conflitos maiores porque os quatro economistas sempre tiveram independência de trabalho e acesso direto ao ministro, desde FHC até hoje.
Pessoas próximas aos quatro economistas acham que esta situação muda se o ministro for Carvalho ou outro nome de fora.
O sociólogo Sérgio Abranches, que conhece bem os tucanos do Rio, disse aos clientes da consultoria Sócio-Dinâmica que Malan, Arida, Franco e Bacha não se sentiriam confortáveis sob a liderança intelectual de Carvalho.

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