São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Polícia prepara operação de desarmamento

ABNOR GODIM
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Cerca de cem homens das Polícias Civil e Militar do Pará vão fazer uma operação de desarmamento no sul do Estado para tentar desmantelar grupos armados e deter 15 pessoas com prisões preventivas decretadas por assassinatos resultantes de disputa de terra.
A operação deverá ser iniciada nos próximos dias. A Secretaria de Segurança Pública do Pará decidiu esperar o final das eleições para implementar a ação militar.
Segundo o secretário da Segurança Pública, Alfredo Santalices, a execução do plano de desarmamento servirá também para fechar os acessos rodoviárias ao Estado contra a entrada de traficantes foragidos do Rio de Janeiro, em decorrência da intervenção do Exército naquele Estado.
O desarmamento na região foi sugerido pelo delegado especial Gilvandro Furtado. Ele passou 20 dias na área apurando denúncia da Igreja Católica e líderes comunitários de Xinguara (892 km ao sul de Belém) sobre a morte de cinco pessoas ocorridas este ano, por terem ligações com os invasores da fazenda Nazareth.
A fazenda Nazareth é alvo de invasões armadas desde 1991, quando o fazendeiro Jerônimo Alves de Amorim foi acusado de mandar matar o presidente do sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria (PA), Expedito Ribeiro de Souza. A placa da entrada da fazenda é crivada por marcas de balas.
O juiz de Xinguara (892 km ao sul de Belém), João Batista Nascimento, pediu ajuda da Polícia Federal para prender o dono da Nazareth.
Jerônimo Alves Amorim é acusado de contratar pistoleiros para matar pessoas que mantêm vínculos com os invasores e estaria foragido em Goiás.
O juiz Nascimento autorizou a polícia a invadir, além da Nazareth, mais cinco fazendas na região onde há grupos armados de invasores, posseiros, pistoleiros e fazendeiros.
As cinco fazendas são: São José, Parauapebas, Diadema, Mata Azul e Parreiras do Pará.
PM acusada
O secretário Alfredo Santalices disse que se houver necessidade convocará policiais de outros municípios para a operação, em virtude de denúncias feitas contra a atuação de policiais de Xinguara.
A Igreja Católica e os sindicatos de trabalhadores rurais acusam a PM de perseguir e cometer ações arbitrárias contra os posseiros.
O coronel Raimundo Nonato Azevedo, da polícia de Xinguara, disse que não há pistoleiros na fazenda Nazareth, mas sim grupos armados de invasores de terra que praticam táticas de guerrilha.
Azevedo declarou que, frequentemente, faz apreensão de armas em poder de posseiros.
Há pelo menos cem espingardas no depósito do fórum de Xinguara, resultado das operações feitas pela polícia para reintegração de posse das fazendas ocupadas.
(Abnor Gondim)

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