São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Exército desocupa Mangueira após 36 horas

CRISTINA GRILLO; ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

O Exército desocupou na tarde de ontem o morro da Mangueira (zona norte do Rio), 36 horas depois de mobilizar mais de 800 homens em uma operação que bloqueou todos os acessos ao morro.
A PM (Polícia Militar) ficou incumbida de manter a vigilância da área, com o apoio de um destacamento da PE (Polícia do Exército), que poderia ser deslocado ainda ontem, segundo o CML (Comando Militar do Leste).
O CML anunciou que durante a ocupação foram presos quatro líderes do tráfico na Mangueira, entre eles Walter Raimundo dos Santos, o Parazinho.
Os outros presos que seriam lideranças do tráfico são Aderval de Oliveira Ramos, Ubiraci de Oliveira (Bira) e Antonio, cujo nome inteiro não foi divulgado e teria a função de secretário do esquema do tráfico local.
Comboio
Às 15h24, o trânsito na área da Mangueira foi interrompido para que o comboio de jipes e caminhões do Exército, nove tanques de guerra dos tipos Urutu e Cascavel e mais de 20 ônibus das empresas Itapemirim e Transmil pudessem transportar armas e soldados de volta para os quartéis.
Durante a ocupação, os soldados descobriram várias casas no alto do morro da Mangueira que foram abandonadas.
Muitas faziam parte do levantamento feito pelas Forças Armadas para determinar os locais onde poderiam encontrar traficantes.
Os soldados encontraram indícios de que as casas haviam sido abandonadas há pouco tempo. Havia roupas e comida. As casas estavam mobiliadas.
Mulheres
O major Francisco Paiva afirmou que as casas seriam de traficantes que abandonaram o morro antes da ocupação do Exército. "Estranho também é que em muitas casas só havia mulheres", afirmou.
Numa das casas abandonadas, os soldados encontraram R$ 8.535,00.
Na sede do 21º GAC (Grupamento de Artilharia de Costas), três helicópteros do Comando de Aviação do Exército davam apoio à operação.
Houve disparos no início da ocupação, na manhã de sábado. O soldado Adilson Plázio Costa da Silva, 20, foi atingido. De acordo com o Comando Militar do Leste (CML), ele levou um tiro de um olheiro do tráfico. Adilson foi internado no Hospital Central do Exército com ferimentos leves.

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