São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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'Aviões' reaparecem 2h depois

FERNANDO RODRIGUES
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Mal saíram os soldados e o tráfico recomeçou no morro da Mangueira. Duas horas foram suficientes para que tivesse início nas entradas da favela uma movimentação de motos e carros.
Segundo moradores, que por medo de represálias não quiseram se identificar, o vaivém era resultado da retomada da venda de drogas.
Na rua Visconde de Niterói, que passa pelos principais acessos do morro, os carros paravam e seus motoristas chamavam os garotos que ficavam na rua.
Crianças e adolescentes conhecidos como "aviões", saíam correndo e logo entregavam a droga para os motoristas, que iam embora.
Cerca de 15 "aviões" participavam do "comércio" no Buraco Quente, um dos principais acessos da favela. O movimento parou às 20h20, quando começou a chover.
Logo após a saída dos últimos 23 soldados do Exército que ocupavam o morro da Mangueira, às 16h, os moradores começaram a deixar suas casas e ir para as ruas.
Os acessos da favela pareciam formigueiro, de tanta gente. A música alta foi o primeiro sinal de que a tensão causada pela presença do Exército chegara ao fim.
O funk e o pagode se confundiam nos alto-falantes do Buraco Quente.

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