São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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Para Ciro Gomes, o Brasil não precisa mais de altos superávits

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil não precisa mais de superávits cambiais gigantes, como no passado. Hoje, com a economia crescendo, o país pode ter superávits mais moderados.
A afirmação é do ministro da Fazenda, Ciro Gomes, em entrevista a jornalistas na segunda-feira à noite, após participar do programa Hebe Camargo, exibido pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).
Por precisar menos de dólares, a moeda norte-americana vai continuar baixa, disse o ministro à apresentadora, em resposta à pergunta sobre a reclamação dos exportadores de que o dólar está baixo.
"O Brasil é tão importante para o mundo que há uma 'chuva' de dólares em direção ao país", afirmou o ministro.
O ministro disse que, no passado, o dólar sempre teve preço alto para estimular o exportador, mas esse modelo acabou. Agora, o capital de risco estrangeiro está voltando às bolsas de valores brasileiras, afirmou.
Ciro Gomes disse que a TR (Taxa Referencial) não tem data para acabar. "Ela é consequência da inflação. Se houver inflação, não adianta acabar com a TR que o mercado volta a se indexar. Assim, antes de acabar com a TR é preciso derrubar a inflação."
Quando a inflação estiver morta o país terá condições de eliminar todos os indexadores, disse o ministro. Ele informou que não há pressa para acabar com o IPC-r (indexador dos salários). "Sem angústia, ele morre em julho."
Uma vez eliminada a inflação e a TR, Ciro disse que os bancos terão condições de oferecer melhor remuneração a seus poupadores. "A concorrência será livre."
O ministro garantiu que o IPMF acaba mesmo em 31 de dezembro deste ano. Para suprir a arrecadação do tributo (cerca de US$ 4,8 bilhões), Ciro disse que o governo vai usar, em 95, dinheiro das privatizações e do maior combate à sonegação fiscal.
Sobre a quebra de bancos (seis) após o real, Ciro disse que isso ocorre em todas as atividades comerciais (padarias, farmácias etc.). "Banco também pode quebrar."
Em resposta à pergunta se continuaria no novo governo, feita pela apresentadora, o ministro disse que "é um privilégio para qualquer brasileiro ajudar o Fernando Henrique, mas saio com o presidente Itamar Franco."

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