São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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Verba da Saúde foi usada até para comprar chope

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde) foi usado para comprar chope, salgadinhos, chuteiras, meiões e troféu, entre outras coisas, fora do atendimento à saúde. Só no Piauí, o desvio de recursos chegou a US$ 500 mil, entre 1992 e 1993.
A verba, destinada ao atendimento de ambulatório, foi usada ainda para comprar água mineral para a Liga das Senhoras Católicas, convites de formatura e "ajuda de custo para o Dia das Mães" de associação de moradores.
O levantamento consta no relatório final da CPI que apura o desvio de dinheiro do Inamps, com base no trabalho do Sistema Nacional de Auditoria do Ministério da Saúde.
O trabalho da comissão identificou a formação de uma suposta "caixinha" no Maranhão com o dinheiro do SUS e diversas irregularidades, como o credenciamento de um hotel em Pinheiro (MA) como hospital para receber recursos da saúde.
O relatório do deputado Jackson Pereira (PSDB-CE), que deverá ser aprovado hoje no plenário da CPI, pede a investigação de 600 prestadores de serviços, entre empresas e profissionais liberais, pelo Ministério da Saúde, sob suspeita de desvio de dinheiro do SUS.
No Piauí, a responsabilidade do desvio de dinheiro é atribuída à Secretaria de Saúde, na gestão de Benício Parente de Sampaio.
"Caixinha"
Pereira acusou dois auxiliares do ex-secretário de Saúde do Maranhão de formação de quadrilha.
O deputado pede ainda o indiciamento de dois médicos. Segundo o deputado, no Maranhão foi criada uma "caixinha" cobrada sobre o faturamento global dos hospitais do Estado.
Segundo o relatório, o suposto esquema funcionou de novembro de 93 a janeiro de 94, da seguinte maneira: 15,5% do faturamento deveria ser destinado, com cheque ao portador, à secretaria.
Parte do dinheiro, 4,5%, ainda de acordo com o relatório, ia para a empresa de informática Mac, que fazia a contabilidade para os hospitais com notas fiscais "frias". Em dezembro de 93, o faturamento dos hospitais teria chegado a CR$ 50 milhões (cerca de US$ 209 mil), segundo dados de Pereira.
A Fundação de Saúde de Alagoas, Fundação Governador Lamenha Filho e a Organização das Voluntárias de Goiás são apontadas no relatório por administração irregular de verbas do SUS.

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