São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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Livro torna acessível a literatura de James Joyce

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece que os grandes críticos literários desta metade do século são escritores. Ao seleto grupo, que inclui o italiano Italo Calvino e o americano John Updike, o inglês Anthony Burgess (1916- 1993) prova pertencer com seu suculento livro sobre o irlandês James Joyce (1882-1941), "Homem Comum Enfim", lançado agora pela Companhia das Letras.
O próprio Joyce, autor de "Retrato do Artista Quando Jovem", "Ulisses" e "Finnegans Wake", tem a ver com o fato. Sua obra é o paraíso da crítica contemporânea: suas alusões, simbolismos e cabriolagens já receberam verdadeiras enciclopédias de decifração.
Ele próprio zombava disso e não à toa definiu seu último livro, "Finnegans Wake", como "um romance para acabar com todos os romances" –a deixa que todo crítico pede para entrar em cena.
Mas o que é raro ver nesses exegetas todos é um explicador como Burgess. A razão é simples: Burgess foi o erudito mais epicurista das últimas décadas, um leitor voraz que buscava na literatura, antes de mais nada, prazer. E nenhum escritor deu mais prazer a Burgess que Joyce –daí sua extrema habilidade em tornar acessível uma obra tão complexa.
Como fala de Joyce a certa altura do livro, Burgess é capaz de objetivar suas mais caras obsessões. No caso, sua obsessão por Joyce se converte em claríssima análise; e ela, no entanto, jamais se confunde com estruturalismo ou outras presunções de objetividade crítica plena.
LEIA MAIS
sobre Burgess e Joyce à pág. 5-5

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