São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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Gates prevê dia-a-dia dos EUA dominado por microcomputadores

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Num dia ele compra uma concorrente por US$ 1,8 bilhão. Alguns dias depois abocanha para sua coleção pessoal um manuscrito de Leonardo da Vinci por US$ 30,8 milhões. Em seguida dá sinal verde para uma campanha publicitária de US$ 100 milhões.
Está na capa de revistas e no noticiário televisivo: Bill Gates está por toda parte. Presidente da Microsoft, com faturamento anual de US$ 4,7 bilhões, e dono de fortuna estimada em US$ 9 bilhões, Gates consolidou nas últimas semanas sua posição de empresário mais badalado e temido dos EUA.
O discurso que ele fez na abertura da Comdex/Las Vegas foi aguardado como se um profeta fosse finalmente desvendar os mistério do futuro. Que uma coisa fique clara: Gates demonstrou que a Microsoft tem muito apetite.
Ele anunciou, por exemplo, que vai lançar até a metade do ano que vem sua própria rede de serviços de informações on line, a rede Microsoft, para competir com a CompuServe e Prodigy.
Hoje em dia, 10% dos usuários de computador nos Estados Unidos são assinantes dessas redes, através das quais é possível mandar e receber correio eletrônico, fazer compras ou checar as últimas notícias. É nessa clientela formada pela elite dos infomaníacos americanos, que Gates está de olho. E ele tem muita munição para conquistá-la.
Para quem não sabe, o principal produto da Microsoft é o "Windows", programa presente em 50 milhões de PCs de todo o mundo. A nova versão do produto, o "Windows 95", vai facilitar a vida de quem quiser se tornar assinante da rede Microsoft.
Além disso, a nova rede deverá ser lançada cobrando uma assinatura mensal de apenas seis dólares, metade do preço dos concorrentes. Não é por acaso que eles andam nervosos e, por trás da fachada diplomática, já andam acusando Gates de ser monopolista.
Na visão do dono da Microsoft, o futuro das redes on line parece estar nas compras eletrônicas, nas quais o usuário consulta um catálogo, encomenda e paga pelo produto via computador.
Gates também fechou um acordo com a Visa, que emite o cartão de crédito mais popular do mundo, para criar uma linguagem cifrada que permita o pagamento on line sem submeter os compradores aos riscos de fraude.
Em seu discurso na feira de informática, Gates fez a previsão de que até o ano 2005 o dia-a-dia dos americanos será dominado pelo desempenho dos computadores.
Policiais vão preencher boletins de ocorrência no painel digital das próprias viaturas, transmitindo as informações automaticamente para o computador central das delegacias; um enfermeiro fará o mesmo com os dados da vítima de um acidente, antecipando aos médicos no hospital as condições em que o paciente vai chegar.
Posicionando a Microsoft para tirar proveito desse mundo que idealizou, Gates recentemente autorizou uma campanha publicitária que vai atingir seis países e consumir US$ 100 milhões em oito meses. A campanha marca o lançamento de um logotipo global para a empresa e pretende vender a idéia de que a Microsoft vai garantir ao público o acesso ao futuro que chegou.

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