São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
Próximo Texto | Índice

Arafat tenta obter controle da rua

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Fatah, principal grupo da Organização para a Libertação da Palestina, começou a organizar ontem comitês encarregados de vigiar as ruas da faixa de Gaza.
Diab el Loh, dirigente do grupo liderado por Iasser Arafat, disse que a Fatah não ficará com as mãos cruzadas caso a polícia palestina ou inocentes sejam atacados por radicais.
O chefe de polícia de Gaza, Ghazi Jabali, chegou a sugerir que os comitês enfrentarão o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) e a Jihad Islâmica.
Os comitês serão compostos por integrantes do Falcões da Fatah, grupo de militantes armados.
Desmobilizados em maio, no início da autonomia palestina em Gaza e Jericó, os falcões foram reunidos anteontem durante manifestação de apoio a Arafat.
Segundo o jornal francês "Le Monde", a mobilização dos falcões é consequência da relutância da polícia palestina em reprimir manifestações do Hamas e da Jihad Islâmica, como a ocorrida na última sexta-feira.
Oriundos do Exército de Libertação da Palestina, composto por diversas facções, os policiais estariam se recusando a reprimir a oposição a Iasser Arafat, presidente da OLP e da ANP (Autoridade Nacional Palestina, o governo autônomo de Gaza e Jericó).
A formação dos comitês foi decidida depois de que o Hamas e a ANP chegaram a um impasse nas negociações para reduzir a tensão.
Grafites dos falcões começaram a aparecer nos muros de Gaza, ao lado dos do Hamas.
"Falcões da Fatah e a polícia palestina são os protetores da autoridade palestina", afirma um grafite em letras douradas.
Ao seu lado está um do Hamas: "Os massacres de Arafat e Rabin (premiê de Israel) não impedirão nossa guerra santa".
A guerra de manifestações entre Arafat e o Hamas teve nova escalada ontem com a convocação pelo Movimento de Resistência Islâmica de um protesto para sexta-feira, dia de descanso islâmico.
Na sexta-feira passada, uma manifestação em homenagem a Hicham Hamad, militante do grupo Jihad Islâmica morto durante atentado em 8 de novembro, resultou no conflito entre manifestantes e a polícia que deixou 16 mortos.
Hoje está programada uma manifestação pró-Arafat em Jericó (Cisjordânia).
Além da convocação, o Hamas afirmou que os manifestantes pró-Arafat de anteontem eram "policiais vestidos como civis".
Em um gesto de aproximação com os radicais, a Autoridade Nacional Palestina soltou 23 ativistas da Jihad Islâmica.

Próximo Texto: Israel transfere US$ 8,3 mi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.