São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 1994
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Estudo mostra rota do tráfico de cocaína

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
ENVIADO ESPECIAL A NÁPOLES

A Rússia tem sido o destino final da cocaína produzida pelos cartéis de Cali e Medelin, na Colômbia. E essa droga chega à Eurásia pós-soviética por intermédio da máfia nigeriana, que tem comprado a cocaína no Brasil.
A informação consta de quatro dossiês distribuídos na 1ª Conferência Mundial sobre crime organizado, encerrada anteontem em Nápoles (sul da Itália).
Para que não se criassem revezes diplomáticos, as informações não foram colocadas em plenário, onde estavam presentes representantes de 140 países.
Os nigerianos que compram a cocaína no Brasil têm feito, na Europa, contato com a máfia italiana, que se encarrega de distribuir a droga na Rússia, diz a ONU.
Segundo a entidade, mais de 2.000 bancos estão funcionando "como fachada", na Rússia. "O sistema financeiro é agora controlado pela máfia", escreveu em dossiê da ONU o especialista Guy Donne, da empresa de segurança Control Risks, da Inglaterra.
A máfia italiana teria invadido a ex-URSS e se aliado a ex-oficiais da KGB, o extinto serviço de inteligência russo, para facilitar o tráfico para o extremo oriente.
A cidade de Vladivostok é apontada como o lugar em que a cocaína que saiu da América do Sul começa a ser trocada por ópio.
Dali, diz o dossiê, o pó colombiano é encaminhado à China, ao Afeganistão e ao Paquistão. Esses dois últimos países, em troca, injetariam heroína na Rússia, de onde os mafiosos italianos a enviam a toda a Europa e Estados Unidos.
A ONU considera cada vez mais difícil controlar esse movimento e apresenta números impressionantes: em 1960, passageiros em trânsito, em todo o mundo, percorreram 26 bilhões de milhas. Em 1974 esse número saltou para 152 bilhões e, em 1992, pulou para a casa dos 700 bilhões.

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