São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 1994
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Angra 1 será reativada na próxima semana

VICTOR AGOSTINHO
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS (RJ)

A usina nuclear Angra 1 começa a funcionar na próxima semana depois de 20 meses fora de operação. O último teste do sistema de emergência, o das sirenes, foi feito ontem. O equipamento não apresentou defeitos, embora, em alguns pontos, fosse difícil ouvi-lo. Não houve pânico entre os moradores.
O teste dos alarmes de emergência era o que faltava para que a Secretaria de Assuntos Estratégicos (ligada ao Ministério de Integração Regional) elaborasse uma portaria autorizando o funcionamento da usina.
Esta autorização, de acordo com a expectativa do superintendente de geração termonuclear de Angra, Kleber Cosenza, deve ser publicada no Diário Oficial da União na segunda ou na terça-feira.
A energia nuclear obtida por Angra 1 é transformada em energia elétrica e distribuída no Estado do Rio. Cerca de 17% do consumo do Estado poderia ser suprido por Angra 1.
Às 9h, a Defesa Civil do Estado do Rio acionou a primeira sirene, no condomínio Barlavento. A cada hora era ligada uma nova sirene: Guariba às 10h, morro do Frade às 11h e morro da Constância ao meio-dia.
O acionamento é manual –um funcionário destrava dois cadeados e com uma terceira chave liga o alarme.
Essas quatro sirenes são responsáveis por avisar a população sobre vazamentos de radiação no prédio da usina. Moram num raio de cinco quilômetros de Angra 1 cerca de 8.000 pessoas, segundo a Defesa Civil estadual e 11 mil, de acordo com a prefeitura.
Toda vez que as sirenes tocarem, os moradores deverão sintonizar a estação de rádio local e ouvir as instruções. Se for o caso, deverão abandonar suas casas imediatamente e procurar proteção em abrigos anti-radiação.
Moradores
Ontem todos na cidade sabiam que as sirenes deveriam ser ignoradas. "Mas se fosse um aviso de verdade, acho que entraria em pânico. Não sei o que fazer", disse a empregada doméstica Silvana Coelho de Souza, 31.
Lúcia Santos da Silva, 19, que assistia ao teste no morro da Constância, afirmou que quando a sirene tocar não vai fazer nada. "Não tenho medo desta tal de radiação. Não vou para lugar nenhum. Se tiver que morrer, vai ser aqui mesmo".
Todas as pessoas ouvidas pela Folha (seis entrevistados) disseram não saber o que fazer se houver um acidente nuclear na região.

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