São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 1994
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Manobra malufista gera confusão na Câmara

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma manobra do presidente da Câmara Municipal, Miguel Colasuonno (do PPR, partido do prefeito Maluf), impediu ontem a votação do projeto de lei que concede gratificação para os funcionários da Secretaria da Saúde. A decisão gerou um tumulto entre os vereadores e a sessão foi suspensa.
A confusão começou às 17h, quando os vereadores votavam o projeto da prefeitura que concede gratificação para apenas quatro categorias da área da Saúde.
O placar era de 27 votos contra e 25 a favor. Se chegasse a 28 votos, o projeto seria derrubado e a proposta da oposição, que concede a gratificação para um número maior de categorias, entraria em votação, podendo ser aprovada.
Nesse momento, os vereadores de oposição viram Ushitaro Kamia (PSB) saindo do plenário sem votar. Ele não tinha respondido à votação. Kamia foi cercado e acabou votando contra. Seria o 28º voto e daria vitória a oposição.
Ao perceber a derrota iminente, Colasuonno disse que não aceitava o voto de Kamia, pois já teria encerrado a votação.
O tumulto tomou conta do plenário. O vereador Alex Freua Netto (PPR) colocou o projeto embaixo do paletó e tentou fugir. A vereadora Zulaiê Cobra (PSDB) correu atrás e puxou a pasta.
Os vereadores de oposição cercaram Colasuonno alegando, aos gritos, que ninguém tinha ouvido ele encerrar a votação antes do voto de Kamia. Ele saiu do plenário.
Como estava programada mais uma sessão, onde o projeto poderia ser votado novamente, o vereador Arnaldo Madeira (PSDB) assumiu a presidência e reabriu os trabalhos. Para tentar impedi-lo, Freua Netto tentou arrancar o microfone da mesa.
Colasuonno voltou ao plenário e disse que não havia "clima" para votações porque os vereadores estavam muito "exaltados" e cancelou a segunda sessão.
A Folha foi ao departamento de som da Câmara e solicitou a gravação da sessão para conferir se Colasuonno encerrou os trabalhos antes de Kamia votar. A fita já tinha sido requisitada pelo presidente.
Colasuonno se recusou a mostrar a fita. Disse que é um "documento restrito aos vereadores".
O projeto da Saúde volta à pauta na próxima terça-feira. A prefeitura diz que não concede gratificações para todos os funcionários da Saúde por falta de verbas.
Hoje, às 10h, a oposição realiza uma sessão de protesto contra a atitude de Colasuonno. "Vamos dar um voto simbólico de desconfiança ao prefeito Maluf e ao Colasuonno", disse Bruno Féder (PL).

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