São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 1994
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Êxitos de Collor não podem ser esquecidos

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Na terça, ao zapear os canais da TV, flagrei o presidente da Associação dos Exportadores, o senhor Marcus Vinícius Pratini de Morais, dizendo em entrevista à Manchete que o mérito de o Brasil ter se aberto para o mundo é todo de Itamar Franco.
Ora, faça-me um favor. Não é à toa que a expressão "tampar o sol com a peneira" é uma criação Made in Brazil. O mérito da abertura do país para o exterior, duela a quien duela, é do presidente Collor.
Pode até ser encarada como medida de ordem terapêutica o país se valer de um surto de amnésia para apagar do software os 35 milhões de votos concedidos a um presidente escroque de marca maior.
O que não dá para engolir é que se deturpem fatos só para tirar proveito da surpreendente popularidade do presidente Itamar Franco.
Que eu saiba, Itamar chegou ao poder intoxicado pelo pernicioso nacionalismo que, até recentemente, dominou o cenário político tapuia. Só depois de muitos tropeços deu a mão à palmatória e se dignou a ouvir a equipe que assumirá o poder em 1º de janeiro de 1995.
Infelizmente, o maniqueísmo de Pratini de Morais, ex-ministro da Indústria e Comércio do governo Medici –vale frisar– não é exclusividade sua. Longe de mim dizer que Collor foi um bom presidente. Foi uma retumbante desgraça.
Mas duvido que Itamar tomasse a iniciativa de abrir as importações se o "coroné" das Alagoas não tivesse deflagrado um processo sem volta.
É de uma imaturidade ímpar considerar ruim tudo o que veio do governo Collor e, porque Itamar selou a transição democrática, deixar passar em branco seus desacertos.
Galinhas não olham para a história. Por isso, continuam a ciscar sempre no mesmo buraco.

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