São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 1994
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Dallari vai chamar quem aumentar preços

DA REPORTAGEM LOCAL

O assessor especial para preços do Ministério da Fazenda, Milton Dallari, afirmou ontem que vai chamar empresas que ameaçarem aumentar seus preços.
"Quero ver quanto elas aumentarem a mais de fevereiro para março (na "urvização") e de junho para julho (na conversão para o real). Quem praticou aumento abusivo na conversão vai ter que reduzir agora."
Ele disse que tentou falar ontem com o presidente da Nestlé, Roland Meyes, e que iria contatá-lo "no mais tardar amanhã (hoje)".
Meyes afirmou anteontem à Folha que a indústria chegou no limite de suportar pressões de custos dos fornecedores de matérias-primas e embalagens e que precisaria reajustar seus produtos já.
Segundo o assessor, o ministério constatou aumentos localizados mas duas últimas semanas. O sabonete Rexona subiu 11% e o absorvente higiênico Ella, entre 8% e 12%.
Marcas de pequenas indústrias de sabão em barra subiram 6,25%, em média, o sabão em pós Quanto, 4,25% e a água sanitária K-Boa, 2%.
Dallari afirmou que mudou o acordo que havia feito com o setor de frango resfriado –que cobraria R$ 1,32 o quilo. O preço, exceto para pequenos produtores do Estado de São Paulo, ficaria em R$ 1,25.
Dallari constatou ainda ontem um problema localizado com a CBA, Companhia Brasileira de Alumínio, presidida por Antonio Ermírio de Moraes.
Adauto Ponte, presidente da Associação Brasileira da Fundição, reclamou que a CBA praticaria preços US$ 360 acima do mercado internacional e entre US$ 50 e US$ 100 sobre outros produtores internos.
Isso ocorre porque quando a CBA converteu seus preços para a nova moeda, optou por cobrar em real (na época, R$ 1 era igual a US$ 1). Os outros preferiram o dólar.
Com a defasagem cambial, a CBA, responsável pelo abastecimento de 25% do mercado interno, está com preços mais altos.
Dallari disse que não vai interferir. "É uma briga comercial legítima", afirmou. Antonio Ermírio afirmou que não vai alterar sua política de preços.
O assessor pediu um estudo ao setor de alumínio para reduzir o "prêmio", sobretaxa que varia entre US$ 60 e US$ 100 cobrada por tonelada na venda do metal.

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