São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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Dívida do Estado aumenta 81% com Fleury

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), vai deixar para o seu sucessor, Mário Covas (PSDB), dívidas superiores a US$ 32,7 bilhões.
Fleury sai do Palácio dos Bandeirantes deixando, em algumas áreas, realizações bastante inferiores às de Orestes Quércia, seu antecessor que o ajudou a se eleger para o cargo.
Mesmo assim, as dívidas de Fleury aumentaram 81% nos quatro anos que esteve à frente do maior Estado –e maior devedor– da Federação. Quando assumiu, O Estado de São Paulo devia US$ 18,060 bilhões.
O Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado, José Fernando Boucinhas, 51, afirma que São Paulo não fez novas dívidas na gestão Fleury.
Também não saldou muito do que devia. "As condições que tivemos só permitiram empurrar o problema para frente", afirma.
Rolagem
O aumento de 81% em quatro anos ocorreu principalmente pela rolagem das dívidas.
A rolagem é uma negociação em que o devedor –no caso o Estado de São Paulo– se compromete a pagar o saldo da dívida, mas pede novas condições para conseguir honrar o compromisso.
Mais de dois terços do débito total (US$ 25,5 bilhões) estão concentrados em bancos (US$ 16,2 bilhões, incluindo Banespa) e em títulos estaduais (US$ 9,2 bilhões, incluindo Banespa).
A rolagem dessa dívida paga hoje juros estratosféricos, superiores a 60% ao ano. No passado, esses juros já chegaram a atingir mais de 100% ao ano.
Como o Estado apenas "empurrou" o problema para frente, sem saldar muita coisa, os juros bancários foram incorporados ao total.
Além disso, São Paulo também emitiu novos títulos para pagar outros que estavam vencendo, aumentando o que devia.
A ineficiência das empresas estaduais também ampliou o rombo. A Fepasa, por exemplo, é caracterizada por Boucinhas como um "ralo de dinheiro" que já estaria fora dos trilhos há anos sem a "ajuda" mensal de US$ 15 milhões do Estado.
Nos quatro anos de governo, Fleury também não fez cortes significativos nos gastos e enfrentou perdas na arrecadação do ICMS. Entre 91 e 92, por exemplo, o Estado perdeu US$ 3 bilhões de sua receita com o imposto.
"A queda na receita agravou a situação. Sem mudanças estruturais na dívida e perfil das empresas do Estado, o novo governador não terá muitas opções diferentes das que tivemos", diz Boucinhas.

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