São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mercado tem atitude 'otimista cautelosa'

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

O mercado está mantendo uma atitude de otimismo cauteloso em relação à inflação de dezembro. Ao mesmo tempo em que projeta uma queda para a faixa de 2,5%, abre espaço para a possibilidade de um repique nos preços no último mês do ano.
Os negócios no mercado de DI futuro na BM&F fecharam a semana projetando taxa efetiva da 4,25% para dezembro. Descontado desta taxa o ganho real de 1,7% registrado em outubro pelo over-selic, o DI embute uma inflação de 2,51%.
O próprio mercado, contudo, admite que o ganho real pode até ficar mais baixo, ao redor de 1%, mas não tão pequeno quanto o de novembro, que caiu para 0,78%. Ou seja, haveria espaço para que a inflação se elevasse até 3,22%, pelo fechamento da semana passada na BM&F.
A previsão do departamento de economia da "Agência Dinheiro Vivo" para o IPC-r é de que a taxa chegará a 3,20%, não muito diferente dos 3,27% computados em novembro.
A expectativa de queda para 2,5% em dezembro está com suas bases fincadas em um terreno muito frágil. Um dos apelos é o de que a concorrência dos artigos importados conseguirá conter o avanço dos preços dos produtos internos mesmo com o aumento da demanda no final do ano. Provavelmente, evitará apenas um avanço maior dos preços, mas dificilmente haverá queda.
Mesmo diante da concorrência externa, o setor eletroeletrônico vem registrando vendas recordes e prevê a continuidade do movimento até o fim do ano. Na outra ponta, a da restrição ao crédito, o ambiente não está totalmente tranquilo.
O comércio constatou que o aperto na oferta de recursos não alterou o comportamento das vendas a prazo, alimentadas pelo uso intensivo dos cheques pré-datados, que respondem por 52,4% das operações de crédito de pequeno e médio portes.
Some-se a isso o pagamento do 13º salário, que está sendo aguardado com apreensão por alguns setores do mercado. Parte do dinheiro deverá ser usada para o pagamento de parcelas do crédito em atraso, mas o consumo não será relegado ao segundo plano, principalmente o de alimentos, que cresce com as festas de final de ano.
O custo médio da cesta básica na cidade de São Paulo interrompeu, na sexta-feira, uma sequência de três dias de baixa. A alta de 0,62% foi puxada justamente pelo setor de alimentos, com destaque para a carne bovina. Mesmo com o fim da entressafra, o aumento do consumo da carne, típico deste período do ano, pode impactar em cerca de 10% a inflação em dezembro.
As aplicações em ativos prefixados correm o risco de estar embutindo juros mal dimensionados. Os fundos de commodities e operações indexadas ao CDI são mais seguros.

Texto Anterior: Prejuízo não deve assustar
Próximo Texto: Empresa faz securitização
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.