São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994 |
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O futuro em um olhar
INÁCIO ARAUJO Ao primeiro olhar, "Alphaville" ameaça nos soterrar sob uma torrente de lugares-comuns. Lá está o futuro como ausência de sentimentos, cérebros eletrônicos onipotentes etc. Mas não é bem esse o problema, e sim: o futuro é uma questão de olhar. Pois Alphaville é a ficção científica sem a bateria habitual de efeitos. É aqui mesmo (ou ali, em 1964, França), com uma luz inventiva de Raoul Coutard. O grande computador Alpha 60 é um ventilador. O que impressiona no filme é isso, justamente. Ao mostrar a modéstia de seus meios, ele nem por isso deixa de ser fantástico. Ao ser fantástico, não deixa de ser verdadeiro. E aponta para um futuro sem apocalipses: o mundo é o que dele se faz. "Alphaville" é um prodígio. (Inácio Araujo)Alphaville (Alphaville). França, 1965, 94 min. Direção: Jean-Luc Godard. Com Eddie Constantine, Anna Karina. Em preto-e-branco. Legendado. Texto Anterior: A invasão da Normandia; Amália Rodrigues apresenta seus sucessos; "Discovery" na Patagônia; O inédito "Jogos Patrióticos"; 'Cabo do Medo' no Telecine; Regata Rio-Santos no SportTV; O novo filme de Kenneth Branagh Próximo Texto: Os pecados da guerra Índice |
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