São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Piscinão' muda traçado de praça tombada

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Documento oficial do Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo, obtido pela Folha, confirma que a obra do "Piscinão" do Pacaembu está modificando o traçado original da praça Charles Miller.
A praça é tombada pelos conselhos de conservação do patrimônio histórico do município e do Estado e não pode ser modificada.
O "Piscinão" será um reservatório, a princípio subterrâneo, subterrâneo para conter águas pluviais e impedir enchentes na avenida Pacaembu. As inundações interditam o trânsito na avenida.
O documento relata uma inspeção à obra, feita pelo arquiteto Walter Pires e pelo engenheiro José Henrique Seraphim, do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico).
O relatório afirma que na área frontal da praça, "observou-se claramente, mesmo sem instrumentos, que o topo da laje está mais de 50 centímetros acima do nível do piso original".
Além da alteração do projeto da praça, os dois fiscais foram informados pelo engenheiro Nilo José Antunes Cruz, da construtora Guaianazes, responsável pela obra, que o projeto do "Piscinão" havia sido alterado.
Cruz relatou aos fiscais da prefeitura que o projeto que está sendo executado prevê apenas uma câmara de armazenamento de água, contra as duas que constavam do projeto inicial.
O vereador Maurício Faria (PT), que participa do Conpresp como convidado, vai pedir que o órgão embargue a obra.
"O fato de a empreiteira não estar seguindo o projeto aprovado pela prefeitura torna a obra clandestina. O absurdo é que a construção é paga pela prefeitura, que é responsável pela fiscalização das obras na cidade", disse.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Vias Públicas, as alterações no projeto da praça não são irregulares e "estão sendo submetidas à análise dos órgãos de defesa do patrimônio histórico."
Embargo
O Sindicato dos Arquitetos de São Paulo e a Comissão de Meio Ambiente da seção paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) pediram ao Ministério Público, na semana passada, a suspensão das obras do "Piscinão".
As entidades afirmaram que a obra –que só fica pronta em março, após a temporada de chuvas– vai descaracterizar a praça Charles Miller.
As duas entidades pedem ao promotor Motauri Chiochetti de Souza que ajuíze medida cautelar para suspender a obra. A decisão caberá ao juiz que ficar encarregado do caso, que poderá ou não conceder liminar.
A praça deveria ser reconstruída após a construção do "Piscinão". A praça, por ser tombada, deveria ficar como era antes da obra.
Segundo o sindicato dos arquitetos, o projeto da prefeitura modifica o desenho original. Entre as modificações, está a construção de um anfiteatro ao ar livre, palco e arquibancada. A nova versão da praça deverá ter canteiros de flores.

Texto Anterior: Nova lei deveria incluir policiais, diz coronel
Próximo Texto: Obra afeta o trânsito
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.