São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994 |
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Bolsas devem atingir uma valorização de 50% em 95
ARTHUR PEREIRA FILHO
Thomas R. Robinson, vice-presidente da empresa e estrategista-chefe para a América Latina, disse em São Paulo que, para o investidor, o mais importante é saber que as Bolsas brasileiras vão ter rentabilidade melhor que as da Argentina e México, suas rivais na América Latina. A Merrill Lynch recomenda aos seus clientes que invistam em ações no Brasil, tanto no curto como no longo prazo. O mercado continua atrativo, embora deva ficar mais seletivo. Não devem ocorrer mais valorizações de 1.000% ao ano em certos títulos, como chegou a acontecer no passado. Segundo previsões da corretora, em 95 os lucros das empresas brasileiras devem crescer, em média, 30%. No México esse crescimento deve atingir 20% e na Argentina, 18%. "Esse é o momento ideal para comprar papéis de segunda linha", disse Paulo Conte Vasconcellos, diretor da área de pesquisas da Merrill Lynch, durante o seminário "Mercados Globais e o Brasil: Perspectivas para 1995", realizado ontem em São Paulo. Na área de bens de consumo, destaca a Brasmotor, que detém 47% do mercado de eletrodomésticos da linha branca. "Há demanda reprimida nesse segmento e um grande potencial de crescimento", afirma Vasconcelos. Ele cita ainda como boas opções de investimento a Sadia, a Acesita e a Cimento Itaú. "É preciso prestar atenção em uma empresa que planeja expandir sua capacidade de produção em 32% e tem atualmente capacidade ociosa de 38%. É sinal que acredita em grande crescimento do mercado", diz Vasconcelos sobre a Cimento Itaú. Ele explica que os investidores estrangeiros já haviam entrado no mercado brasileiro antes do primeiro turno das eleições. Por isso as expectativas de uma valorização das ações após a vitória de FHC não se confirmaram e o mercado caiu 20%. Mas essa queda não foi a mesma em todos os papéis. As ações que mais perderam entre 30 de setembro e 24 de novembro, segundo números da Merrill, foram as de algumas estatais e bancos. Empresas relacionadas nas listas de privatizáveis –como Vale do Rio Doce e Paulista de Força e Luz– tiveram grande valorização, assim como "papéis nobres de segunda linha", diz Vasconcelos. Apesar disso, a Merrill Lynch não aposta nas privatizações para o ano que vem. "A única empresa com real chance de privatização em 95 é a Light", diz. Ele vê pouca chance de outras estatais passarem para o controle da iniciativa privada nos próximos dois anos. Mercado asiático Thomas Robinson acredita nos bons resultados do mercado de ações latino-americano para 95. "Mas os países asiáticos, principalmente os do Sudeste Asiático, deverão ficar ainda com o melhor desempenho". Em termos globais, aposta nos bons resultados de papéis de empresas dos setores de tecnologia, infra-estrutura, energia e telecomunicações. O estrategista-chefe da Merrill Lynch diz que a situação do mercado este ano não serve como guia para o que deve ocorrer em 95. Segundo Robinson, 95 será marcado pela recuperação econômicas dos países desenvolvidos, com grandes ganhos de produtividade e custos baixos. Texto Anterior: Papel da imprensa Próximo Texto: CMN define critérios para cálculo da TJLP Índice |
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