São Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1994 |
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Professores em SP têm aulas sobre racismo
DANIELA FALCÃO
O curso, organizado pela Secretaria Estadual da Educação, foi dividido em cinco etapas e teve a participação de sociólogos e antropólogos da USP e Unicamp. "Ainda existe muito preconceito nas escolas e, se os professores não souberem como interferir, os resultados podem ser desastrosos", disse Heloísa Lima, uma das organizadoras do curso. No interior, por exemplo, o número de crianças negras expulsas de escolas é maior que o de alunos brancos. Segundo os professores, isso acontece porque, para se defender das provocações, as crianças negras terminam se tornando mais agressivas e brigonas. "Se o professor não interfere, o aluno tem que se defender sozinho quando é chamado de 'macaco' ou 'neguinho'. E como ele não sabe ainda se defender oralmente, termina reagindo fisicamente", afirmou Heloísa. Segundo ela, a maioria dos professores se inscreveu no curso porque se sentia mal informada e despreparada para interferir nas situações de racismo que apareciam em sala de aula. "Por não saber o que fazer, os professores terminam se omitindo. E essa atitude só contribui para reforçar os comportamentos discriminatórios", afirmou Heloísa. Cerca de 30% dos professores inscritos no curso são negros. A reclamação mais frequente desse grupo é sobre a dificuldade de discutir o racismo nas escolas. Na quarta fase, encerrada ontem, os professores tiveram aulas de história e geografia africana. Texto Anterior: Estudante acusa sua faculdade de racismo Próximo Texto: Decisão do STF sobre mensalidade opõe associações de pais e alunos Índice |
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