São Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1994 |
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Fura dels Baus comanda megaevento no Rio
MARIO VITOR SANTOS
Carlos Padrissa, ator-diretor do Fura, comandou a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona. Já no Rio para montar o evento, ele diz que a apresentação agora será mais variada, pois "há mais liberdade de criação: o Rio é a capital mundial da euforia e aqui o público estará em contato com seus ídolos". A encenação pretende contar em quatro partes uma história que começa na gênese do universo, desde o big-bang até a formação do sistema solar e da Terra. A segunda parte enfoca a vida e a diferenciação das espécies. Depois surge o homem. De acordo com Padrissa, o espetáculo mostra como o desenvolvimento de diferentes raças e culturas, bem como a habilidade de armazenamento de víveres e conhecimento, levou às guerras. A última parte é baseada no sonho de uma real comunicação, propõe a utopia final das raças e culturas através da arte e do sonho da comunicação criativa, expressão do poder e da singularidade de sociedades livres em todos os cantos do planeta. Os organizadores desejam reunir Pelé, Zico, Romário e Ronaldo (PSV), representantes de quatro gerações de jogadores. Com chutes de bolas de futebol, eles vão libertar crianças engolidas por uma enorme onça pintada. Jogadores sairão das entranhas do "Mito", um colosso de oito metros que foi usado na abertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona. Na fábula, "Mito" é um gigante que corre, uma espécie de super-homem. Pradissa quer que ele venha montado sobre um carro de Fórmula 1, como um espírito de Ayrton Senna que circulará no setor das gerais do estádio. Caetano Veloso estuda o roteiro do espetáculo, para decidir se aceita interpretar "Terra", na utópica parte final, quando um telepata será chamado a usar seus poderes para fazer levitar um grande globo terrestre inflado com hélio e ar. Orçado em R$ 750 mil, o evento "Opera Mundi –Um Sonho Bom", será bancado por patrocínio da Coca-Cola (R$ 250 mil), Ipiranga (R$ 150 mil) e Riotur (R$ 150 mil). O resto vem da venda de ingressos, que custarão R$ 5,00 (arquibancadas e cadeiras) e R$ 30,00 (cadeiras especiais). Crianças para R$ 3,00. Os organizadores esperam 120 mil pessoas. Em cada parte do espetáculo atuam grupos de diferentes países, especializados em performances acrobáticas e na fusão de arte e tecnologia: De la Guarda (Argentina), Les Comediants (Espanha), Plasticiens Volans (França) e os brasileiros Intrépida Trupe e XPTO. A música está sendo composta por Wagner Tiso. O anel das gerais do estádio será ocupado por 4.500 percussionistas das escolas de samba, todos tocando juntos, no mesmo ritmo. Segundo Maurício Sette, da Fundição Progresso, entidade cultural privada que criou o evento e faz a coordenação artística para a Secretaria Estadual de Esportes e Lazer do Estado do Rio, será instalado no gramado do Maracanã um palco-telão circular de 3.000 metros quadrados, do qual se elevará uma grande torre. Ela emitirá imagens pré-gravadas e ao vivo. A torre se converte em vulcão, torre de babel, arma mortífera, árvore, moinho e chaminé de fundição. Serão projetadas mensagens de cientistas –recebidas por uma antena parabólica– como Stephen Hawkings que, de acordo com os organizadores, falará ao vivo de Cambridge, na Inglaterra. Usando uma vestimenta de deusa da comunicação –criada por Tomie Ohtake–, a atriz Cristiane Torloni narrará partes do evento. Antes e durante o evento, haverá uma linha da Telerj para que as pessoas telefonem, grátis, e contem o que para elas é um sonho bom. Os melhores sonhos serão relatados nesta "Opera Mundi –Um Sonho Bom" no fim do ano. Os ingressos começam a ser vendidos no dia 7 nos postos Ipiranga, no shopping Rio Sul e numa rede bancária a ser anunciada. Texto Anterior: Intrigas podem destruir harmonia Próximo Texto: Conheça o grupo catalão Índice |
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