São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Um novo padrão

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

O Procon de São Paulo divulga diariamente o valor de uma cesta básica de consumo. Ela é um indicador importante do comportamento da inflação, por medir os preços de uma maneira mais clara do que os índices quadrissemanais.
O próprio mercado financeiro a elegeu como um indicador relevante para balizar suas apostas sobre a inflação.
Uma reflexão mais detalhada sobre a série de valores divulgada pelo Procon desde a implantação do programa de estabilização mostra um fenômeno interessante gerado pelo plano.
Até a chegada do real, o aumento dos preços agrícolas na chamada entressafra, no período de inverno na região Sudeste, provocava uma elevação do patamar da inflação.
Isto era particularmente grave em época de uma seca mais prolongada do que a normal. Como aconteceu, por exemplo, neste ano.
Os mecanismos de indexação, principalmente a correção diária do câmbio e mensal dos salários, passavam para todos os outros preços da economia o choque havido na agricultura.
Na primeira entressafra do Real parece estar havendo um comportamento diferente. Itens importantes, como carnes e feijão, aumentaram drasticamente de preços em função da rigorosa seca na região Sudeste.
Com isto, o valor da cesta medida pelo Procon aumentou cerca de 12% entre 23 de setembro e o último dia 17.
A normalização das chuvas já vem provocando uma significativa redução dos preços dos alimentos, trazendo o valor da cesta para perto de R$ 104,00.
A expectativa dos técnicos do setor é de que por volta de janeiro/fevereiro de 95 esse valor possa estar novamente bem abaixo dos R$ 100,00.
Produtos como a carne, que têm seus preços elevados em função do aumento de consumo do final de ano podem, em janeiro, cair quase 20%.
Apesar da indexação dos salários via repasse do IPC-r propagar este corcoveio dos preços agrícolas para toda a economia, o efeito do câmbio valorizado deve reduzir de maneira importante esse efeito.
Com isso, o novo governo encontrará em 1995 uma inflação da ordem de 2% ao mês, para ser combatida com grande possibilidade de sucesso.

Texto Anterior: Mês fecha com 2,91% líquidos
Próximo Texto: Novembro rende 3,4% com IR
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.