São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Rússia veta sanções contra sérvios

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Rússia vetou sexta-feira à noite resolução do Conselho de Segurança da ONU que pretendia reduzir o fornecimento de combustível a rebeldes sérvios da Krajina (Croácia). Foi o primeiro veto no Conselho em um ano e meio.
O Conselho de Segurança da ONU é formado por 15 países. Cinco deles têm poder de veto: EUA, Rússia, China, França e Reino Unido. Isso significa que as resoluções do Conselho de Segurança não podem contar com a oposição de nenhum desses cinco países para serem aprovadas.
A resolução teve 13 votos a favor, uma abstenção (da China) e apenas um voto contrário.
O fornecimento de combustível da Sérvia aos sérvios da Croácia é apontado como uma das causas da recente ofensiva sérvia, particularmente na região de Bihac (noroeste da Bósnia, próxima a fronteira com a Croácia).
A Rússia é tradicional aliada dos sérvios. O embaixador russo Sergei Lavrov disse que a resolução aumentaria as sanções contra a Sérvia. É ilógico e politicamente inadmissível, disse. Um diplomata russo afirmou que, apesar do veto, os cinco países não estão divididos na questão da guerra.
O veto russo, o primeiro em relação à crise na ex-Iugoslávia, marca mais um desencontro entre as potências em relação à guerra. A ONU não está consegue fazer avançar as negociações de paz, e os combates seguem intensos.
Os muçulmanos continuam a resistir em Bihac, mesmo cercados por sérvios. Ontem o secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, disse em Genebra que os sérvios aceitaram retirar o pessoal militar do encrave de Bihac.
Mas até ontem os sérvios não haviam libertado cerca de 450 homens da força de paz da ONU que mantêm como reféns. Na sexta-feira, o enviado especial da ONU para a Bósnia, Yasushi Akashi, havia dito que o líder dos sérvios na Bósnia, Radovan Karadzic, havia se comprometido a libertá-los.
Os reféns são vistos como uma garantia dos sérvios contra eventuais ataques de aviões da Otan. A ONU já avisou que quer tirar os aviões da Otan da Bósnia.
A Otan estaria prestes a enviar as chamadas Forças de Reação Rápida à Bósnia, se a ONU retirasse suas forças de paz, segundo a revista alemã Der Spiegel.
O governo bósnio, controlado por muçulmanos, se diz contrário a uma confederação entre a Sérvia e os sérvios da Bósnia, idéia encampada por países ocidentais, e trata-se de uma concessão aos sérvios para tentar chegar a uma solução negociada do conflito.

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