São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Moscovis vira sedutor comportado em 'As Pupílas do Senhor Reitor'

MARCELO DE SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Século 19 em um vilarejo de Portugal. A ambientação da próxima novela do SBT –"As Pupilas do Senhor Reitor", que estréia na próxima terça-feira– não é das mais propícias para seduções explícitas.
Gestos e olhares são contidos e a ação é substituída pela intenção. O que não exclui, no entanto, a figura do galã conquistador –obrigatória no contexto de qualquer novela.
Em "As Pupilas do Senhor Reitor", a função de galã cabe a Eduardo Moscovis, 26. Na pele de Daniel, desperta a libido das garotas e o desejo oculto das matriarcas do vilarejo.
Bem diferente do papel que o projetou em sua estréia na TV, em "Pedra Sobre Pedra" (1992). O cigano Tíbor, que marca sua carreira até hoje, sobrevivia graças ao sex-appeal.
"O segredo agora é achar a medida certa para seduzir sem fazer do personagem um cachorrão", diz Moscovis. "É difícil."
No livro escrito por Júlio Dinis em 1866, os personagens primam pela simplicidade. Não há nenhum neurótico, por exemplo.
O autor português defende a tese de que é preciso retornar à vida simples para encontrar a felicidade. A adaptação feita por Bosco Brasil e Ismael Fernandes tenta ser fiel à obra.
Assim, Daniel é definido na sinopse como um jovem romântico que sai de sua aldeia para estudar medicina no Porto. Deixa para trás Guida (Debora Bloch), a quem fez, na infância, juras de amor eterno.
Na capital, onde passa dez anos, envolve-se com a endinheirada Amália (Daniela Camargo). Mas volta à aldeia expulso pelo pai militar da moça.
Quando Daniel retorna, o irmão Pedro (Tuca Andrada) está prestes a se casar. A noiva, Clara (Luciana Braga), desiste assim que vê Daniel. Pitada folhetinesca: Clara é a irmã mais nova de Guida.
O rolo continua. Amália não tarda a ir à procura de Daniel –que, à esta altura, já é o objeto de desejo do vilarejo e provoca palpitações na casadoura Francisca (Valéria Alencar). Mas tudo fica apenas no campo das idéias: lembre-se, ele não é um garanhão.
"É preciso criatividade para fazer novela", diz Moscovis, que vê algumas limitações na atuação em TV. "Com exceção de atores como Denise Fraga e Osmar Prado, que compõem personagens sem cair no ridículo, a gente tem limite para criar", diz, incluindo-se no rol dos atores que não dominam a TV.
Carioca do Leblon, Moscovis sempre quis morar em São Paulo para se dedicar ao teatro. Instalado num flat em Higienópolis, ele descarta, por enquanto, a possibilidade de subir ao palco. Considera-se incapaz de se dedicar a mais de uma coisa por vez.
"Já tenho atividades demais: me acostumar a São Paulo, me adaptar a uma nova emissora, fazer uma novela de época e achar o tom certo do personagem."

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