São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Atriz veterana é madrinha de figurantes

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A atriz Rosita Thomas Lopes, a Úrsula da novela "Pátria Minha", não representa apenas o contraponto às maldades do irmão, o empresário Raul Pelegrini (Tarcísio Meira). Por trás das câmeras, ela é a protetora dos figurantes.
Para essa legião de anônimos capazes de tudo para aparecer no fundo de alguma cena, Rosita é uma espécie de redenção. Costuma surgir nas horas de maior aperto, com seu sorriso e gestos educados de uma rica herdeira que resolveu largar a boa vida de dondoca para ser atriz.
"É, os figurantes têm uma vida de cão, ninguém dá muita bola pra eles. Como são muitos, em geral são tratados como massa", confirma Rosita, evitando maiores comentários.
Ela lembra que o colega Tarcísio Meira também "faz suas gentilezas". Mas o fato é que, nos corredores globais, Rosita já foi eleita a madrinha dos figurantes.
Não é à toa que a atriz sente-se completamente à vontade na pele de Úrsula Pelegrini, a irmã do vilão Raul e mãe da mau-caráter Loreta (Marieta Severo).
Úrsula é quem conforta, por exemplo, os empregados do irmão nos momentos mais delicados. "Ela é uma espécie de respiradouro dentro daquele covil de serpentes", diz Rosita.
Esse lado humano e solidário às camadas menos privilegiadas também faz parte de sua vida pessoal.
Filha de diplomata, frequentadora do Country Club (zona sul do Rio) e fluente em cinco idiomas estrangeiros (alemão, espanhol, francês, italiano e inglês), Rosita tinha tudo para viver uma vida despreocupada. Mas optou, em 1961, por seguir a profissão de atriz de teatro.
Inaugurou a carreira com o pé direito, contracenando ao lado de Adolfo Celi, Tônia Carrero e Paulo Autran, na peça "Castelo na Suécia", da autora francesa Françoise Sagan.
Desde então, já atuou em peças como "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant", do alemão Reiner W. Fassbinder, ao lado Fernando Montenegro e Renata Sorrah.
"Sempre fui atriz de teatro. A televisão veio assim, como uma coisa inevitável", diz Rosita, se incluindo na geração que considerava fazer televisão como "coisa feia, cafona".
Hoje, constatada a vitória do mercado televisivo, o problema das novelas, segundo a atriz, é a falta de tempo que os diretores têm para ajudar os atores a aprofundarem seus personagens. Assim, estes acabam sendo rotulados e fazem sempre os mesmos papéis. Para Rosita sobra, em geral, o de mulher rica e sofisticada. "Isso é meio chato. Eu não tenho um personagem fantástico, genial, em TV", conclui.

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