São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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'Nos casamos assim mesmo'

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A professora universitária Iara, 33, soropositiva, repetiu o teste no laboratório Lavoisier da Vila Mariana. Seu relato:
"Recebi o envelope fechado. No horário não tinha médico no laboratório. Abri na saída. Eu sabia que era representação, mas tinha ainda a expectativa de que desse negativo. Foi ruim de novo. Três anos atrás eu tinha feito o teste no Fleury. Estava tranquila e abri o envelope na avenida Brasil. Fiquei desesperada.
Um leigo não deveria abrir um envelope com um resultado tão importante. Eu poderia me matar ou matar alguém no trânsito. Não uso drogas. Nunca soube com qual parceiro me infectei."
José Araujo, 37, soropositivo, fez o teste HIV no posto de saúde estadual de Santa Cecília.
"A médica chegou a pedir desculpas por ter de dar a notícia. Escolheu as palavras, disse para eu melhorar minha qualidade de vida. O choque da notícia eu tinha vivido em maio de 86. Ia me casar em dois meses, tinha feito o teste quis aproveitar e caí na vida.
Na véspera do casamento fiz outro teste e dei de cara com a notícia. Fiquei em pânico. Informei minha namorada e nos casamos assim mesmo. Eu queria fugir: Los Angeles, Taiwan, Nova York... Só três anos atrás, quando voltei ao Brasil, comecei a aprender a conviver com o vírus."(AB)

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