São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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Aos 80, japonês faz vestibular no PR

JOEL SAMPAIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O imigrante japonês Takeshi Nojima, 80, é o mais velho candidato ao vestibular da Universidade Federal do Paraná, marcado para o final do mês. Nojima, que veio para o Brasil em 1924, aos 11 anos, é candidato ao curso de medicina.
Para conseguir a vaga, dedica todo o dia aos estudos. Ele terá no vestibular a companhia do neto Elton, 20, que presta administração.
O imigrante se fixou no Paraná em 1951 e há um ano deixou para os filhos suas lojas de produtos agropecuários. Nojima diz que pretende se especializar em geriatria e que a reprovação no vestibular não mudará seus planos. "Vou continuar estudando", afirmou.
O vestibulando declara que sua opção pela geriatria não visa benefício próprio. "Quero ensinar o povo a viver mais", declarou. Mas ele já tem uma receita básica de longevidade: "Não ter vícios e cuidar sempre do corpo."
O imigrante foi obrigado a abandonar aos 15 anos o projeto de ser médico. Ele deixou os estudos por causa de uma doença do pai. Vendeu tomates, criou bicho-da-seda e foi dono de mercearia em Araraquara, até se mudar na década de 50 para o Paraná.
Nojima conseguiu concluir o segundo grau em 1960, aos 46 anos. Só no início de 1994 voltou a estudar, com o apoio da família e da mulher Vera, uma professora universitária de 48 anos.
Todo o dia, às 7h10, ele já está no cursinho Expoente, onde chega mais cedo para conseguir vaga nas primeiras filas da sala de aula. Nojima volta para casa às 12h30, almoça e, depois de um curto descanso, estuda das 14h30 às 23h.
Mesmo tendo uma idade na qual a maioria das pessoas já está acomodada, Nojima diz que só agora pode perseguir o sonho de ser médico, que alimenta desde criança.
"Até o final de 93, cumpri minhas obrigações de filho e de pai. Agora resolvi buscar meu sonho."

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