São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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Guerra por TVs recomeça em 95

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de três anos paralisado, o Ministério das Comunicações retoma em 95 o processo de concessão de TVs por assinatura –um dos mercados mais rentáveis do mundo.
A rigor, o próximo governo fará a seleção das empresas que vão participar de negócios da ordem US$ 1,2 bilhão por ano nas duas versões da TV por assinatura (transmissão por cabo e microondas, conhecido por MMDS).
Grande grupos econômicos (Abril, Globo, bancos Icatu e Itamaraty etc) se preparam para atuar ou expandir seus negócios neste mercado, que deve promover uma revolução cultural, tecnológica e principalmente financeira gerada pela provável expansão dos atuais 300 mil assinantes para seis milhões num prazo de cinco anos.
A Folha apurou que o Ministério das Comunicações contabiliza cerca de 1.700 pedidos de concessão de MMDS feitos por 140 empresas. O ministério ainda não aceita solicitações para TV a cabo.
Em 91, o processo de concessão de TVs por assinatura, iniciado durante o governo Sarney, foi suspenso por falta de regulamentação. Desde aquela época, o mercado ficou restrito às poucas TVs por cabo que vinham operando com permissão especial (cerca de 110).
A Lei de TV a Cabo já passou pela Câmara e deve ser aprovada ainda este ano pelo Senado. A regulamentação do MMDS ficará pronta provavelmente no primeiro semestre de 95. Com estes dois instrumentos, o Ministério da Comunicações instaura o processo de outorga das concessões.
Para se ter idéia da força deste ministério no próximo governo, os negócios de TVs por assinatura farão girar outros mercados (indústria de televisores, equipamentos eletrônicos, fabricação e implantação de cabos de fibra ótica, produção para televisão etc) na ordem de US$ 15 bilhões (3% do PIB).
O nome mais cotado para assumir o ministério no próximo governo é o de Sérgio Motta, um dos principais coordenadores da campanha eleitoral de FHC.
A reabertura do processo de concessões vai provocar grandes mudanças no setor de comunicações. Segundo o diretor do Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações, Daniel Herz, num prazo de cinco a dez anos as TVs a cabo estarão movimentando mais recursos que as chamadas TVs abertas (Globo, SBT, Bandeirantes, Manchete etc).
Os usuários de TVs por assinatura poderão ter, em alguns casos, mais de 150 canais à sua disposição, ao contrário do atual sistema de televisão, no qual participam menos de dez redes.
A Globo também se associou a várias empresas para explorar o mercado de TVs por assinatura. A Globo, através da Net do Brasil e da Multicanal, entre outras empresas, está entre as 10 que mais fizeram pedidos de MMDS.
A DR, ligada a RBS (Rede Brasil Sul), que transmite a programação da TV Globo no Rio Grande do Sul, aparece em terceiro lugar na lista de pedidos, com 70.
Nos EUA, as TVs por assinatura possuem 60 milhões de usuários e atendem a 90% das cidades. À disposição dos telespectadores dos EUA estão 180 canais.

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sobre TV a cabo à página 2-5

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