São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Erros políticos

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando admitiu ter recebido dinheiro de Castor de Andrade, Betinho desculpou-se dizendo que foi um "erro político". Agora, quando os petistas admitem ter recebido dinheiro da Odebrecht, a desculpa ressurge na mesma expressão.
Foi o que definiu ontem o partido, em São Paulo. Novamente, o "erro político" pode ser entendido de várias formas, algumas até favoráveis. Como no diálogo engraçado, entre o presidente estadual do PT e a jornalista da CBN:
– Quando avaliamos que houve erro político, é a somatória de fatores que levou o PT ao noticiário de forma injusta. Porque pode parecer que outros partidos não receberam dinheiro de empreiteiras.
– Mas o senhor há de concordar que o caso do PT chamou a atenção justamente por ser um partido que sempre criticou isso. E, se foi um erro, foi um erro grande, porque 72% da campanha de José Dirceu foram financiados por grandes grupos. Quer dizer, um erro grande.
– Quando avaliamos que foi erro político, não está condicionado a valores. O erro, vamos saber de sua dimensão no debate interno que vamos fazer.
O melhor estava por vir:
– O fato de ter sido classificado de erro político significa que o PT não vai mais aceitar doações de empreiteiras?
– Não. Significa que o PT não repetirá da mesma forma. Na minha opinião, isso não significa, nem que não pegaremos, nem que pegaremos obrigatoriamente. Significa que nós vamos avaliar se devemos ou não pegar.
História
– A partir de hoje, qualquer pessoa pode consultar os arquivos do Dops. São milhares de dossiês, fotos e quinze milhões de fichas de brasileiros e estrangeiros. Cinquenta e nove anos de história.
Pelo tom triunfante, parece até que foi bom ter o Dops vasculhando a vida dos brasileiros durante a maior parte do século. Mas tem mais:
– Entre os documentos estão as fichas do sociólogo e presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso. Elas trazem a decretação da prisão preventiva, em 65.
Ano de nascimento da Rede Globo de Televisão.
Anistia
Boris Casoy tirou o bordão do armário. Falando da possível anistia de Humberto Lucena, não aguentou:
– É uma vergonha!

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