São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Exército faz primeira ação no Salgueiro

RICARDO FELTRIN

RICARDO FELTRIN; FERNANDO MOLICA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Cerca de 50 soldados do Exército e quatro policiais militares do batalhão feminino realizaram ontem operação militar no morro do Salgueiro (zona norte do Rio).
Foi a primeira ação militar de repressão ao tráfico de drogas no Salgueiro, considerado pela polícia um dos morros mais violentos da cidade.
Disque-denúncia
Nenhum traficante foi preso. Nenhuma droga foi apreendida. Durante a operação, soldados distribuíam aos moradores filipetas com a mensagem: "Desculpem o transtorno. Vocês estão colaborando para tornar novamente o Rio de Janeiro uma cidade maravilhosa. Disque-denúncia: 253-1177".
Foram revistados carros, moradores e até crianças, alunos da EEPG Prudente de Moraes, com idade entre 6 e 12 anos.
Jornalistas e carros de reportagem também foram revistados pelos soldados.
O Exército apreendeu dois carros que estavam sem documentação. A operação, intitulada "asfixia", começou às 15h e terminou por volta das 18h.
Borel
Soldados do Exército voltaram a ocupar ontem o morro do Borel, na Tijuca, zona norte do Rio. Os soldados ficaram cerca de seis horas no morro.
Um balanço extra-oficial da operação indicava a detenção de três pessoas por falta de documentos e a apreensão de uma pequena quantidade de munição de fuzis AR-15 e de pistolas 9 mm.
Ao contrário do ocorrido na ocupação anterior do Borel, entre os dias 25 e 28 do mês passado, desta vez os soldados não foram acusados de cometer violências.
Alguns dos moradores, porém, procuraram jornalistas para reclamar da derrubada, na ocupação anterior, de um cruzeiro que ficava no alto do morro.
Cruzeiro
Segundo o Exército, o cruzeiro era uma demonstração do poder do tráfico.
Cerca de 70 soldados participaram da ocupação. Acompanhados por um carro blindado, eles chegaram ao Borel por volta das 9h e foram para a parte superior do morro, a Chácara do Céu.
Neste local fica a igreja de São Sebastião, ocupada por soldados no mês passado.
Desta vez, os militares não entraram na igreja. Após tomar a parte alta do morro, os soldados, com rostos pintados de preto, desceram em grupos percorrendo vielas e revistando pessoas.

Colaborou FERNANDO MOLICA, da Sucursal do Rio.

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