São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994 |
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Luisa Strina comemora 20 anos de atividades com exposição e livro
KATIA CANTON
A comparação entre Luisa Strina e o marchand italiano radicado em Nova York não é mero exagero estilístico. Leo Castelli foi um dos principais aglutinadores do efervescente cenário artístico que se estabeleceu no bairro do SoHo, no início dos anos 70. A ele se atribui a "descoberta" de Andy Warhol e do movimento pop. Em 1973, Castelli abria sua galeria de arte na rua West Broadway. Nesse mesmo ano, Luisa Strina, ainda sem um espaço fixo, foi a Nova York e comprou gravuras dos artistas pop norte-americanos. Warhol, Lichtenstein, Jimi Dine, Rosenquist. Custavam US$ 100. Voltou, vendeu tudo pelo triplo e, no ano seguinte, inaugurou sua galeria, no então atelier do artista amigo, Luiz Paulo Baravelli. Começou representando obras do próprio Baravelli e de outros amigos seus e do então marido, Wesley Duke Lee: José Resende, Fajardo, Nasser, Nelson Leirner. Ousadia maior aconteceu no ano seguinte, quando Strina lançava Tunga, com suas instalações idiossincráticas e sobreposições de materiais nada convencionais. A verdade é que o trabalho de Strina tem sido uma somatória de ousadias. Pioneira, ela começou a trabalhar um comprometimento com o artista contemporâneo brasileiro, numa época em que não havia outros profissionais ou galerias com esse perfil no país. Raquel Arnaud, Paulo Figueiredo, Regina Boni, Marcantonio Vilaça e André Milan vieram depois. O livro recria esse percurso em um texto crítico de Agnaldo Farias, uma entrevista com Carlos Basualdo e uma pesquisa história documentada por Luciana Brito. A marchand pontua sua trajetória com três grandes marcos: 1973, quando ela trouxe as obras pop ao Brasil; 1983, quando lançou no mercado os então desconhecidos jovens artistas Leda Catuda e Leonilson; e 1994, quando, com a coletiva "Das Américas" exibiu novos artistas estrangeiros. Nessa fase, Luisa foca a possibilidade de arquitetar convênios com galerias norte-americanas. "A arte brasileira contemporânea é uma das melhores do mundo. Outros países começam a perceber essa qualidade e por isso proliferam artigos nas publicações internacionais, visitas de marchands, exposições", opina Luisa. Prova disso é o fato de 12 artistas brasileiros terem sido convidados para expor em galerias nova-iorquinas em 95. Metade deles –Tunga, Cildo Meirelles, Regina Silveira, Fernanda Gomes, Adriana Varejão e Sandra Tucci– são representados por Strina. Exposição: 20 anos da Galeria Luisa Strina Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, Cerqueira César - região central) Quando: abertura hoje, às 19h, até 15 de janeiro Texto Anterior: '1.001 Noites' expõe talento de Pauline Kael Próximo Texto: Nelson Freire faz concerto hoje e prepara novas gravações para 95 Índice |
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