São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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Trisha Brown dá as costas ao público

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Trisha Brown, símbolo da dança pós-moderna norte-americana, estréia no Teatro Sérgio Cardoso na próxima sexta-feira. Com seu grupo, apresentará as coreografias "Set and Reset", "For M.G.: The Movie" e sua obra mais recente, "If You Couldn't See Me", com música e figurinos do artista plástico Robert Rauschenberg, em que ela dança sozinha, sempre de costas para a platéia.
Em entrevista exclusiva à Folha, por telefone, Trisha fala do novo ciclo que está inaugurando em sua carreira, através da coreografia "Musical Offering", com música de Bach.
Folha - Como é a música de Rauschenberg para "If You Couldn't See Me"?
Trisha Brown - Ele fez a música num piano Yamaha. A sonoridade é de órgão eletrônico e me faz lembrar um filme, não sei qual... Trata-se de música de atmosfera.
Folha - É uma novidade saber que Rauschenberg, além de artista plástico, é músico. Qual o background musical dele?
Trisha - Ele acha que pode fazer algo em música e então faz. Rauschenberg é brilhante e tem apetite por algo além do que ele já é. Ele não tem formação musical. Simplesmente, adora música.
Folha - Em suas coreografias você já usou o silêncio e sons ambientais. Qual sua relação com a música hoje?
Trisha - "If You Couldn't See Me" ilustra meu momento atual. É uma peça atmosférica, a música é um elemento da coreografia. Mas, neste ano, pela primeira vez, uso música de Bach. Desde então, venho explorando muito cuidadosamente a estrutura da música e as mudanças de tempo.
Folha - Bach representa, então, uma mudança?
Trisha - Sim. Trabalho nesta direção, aprendendo como lidar com esse tipo de estrutura musical e Bach representa um começo. A continuidade será uma ópera, também com música clássica.
Folha - Pode-se afirmar que hoje suas coreografias são mais expressivas e menos formais?
Trisha - Sim. A formalidade de meu trabalho existe, porém está mais obscura, menos pronunciada. No início dos anos 70, eu trabalhava com sistemas de organização de movimentos e queria que o sistema fosse mais visível que a dança. Agora, este equilíbrio mudou. Prefiro que a dança seja mais visível. No entanto, a organização formal continua presente.

Espetáculo: Trisha Brown Company
Onde: Teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 011/288-0136)
Quando: sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 17h
Quanto: R$ 15 (balcão) e R$ 30 (platéia)

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