São Paulo, quinta-feira, 8 de dezembro de 1994
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Collor demonstra otimismo

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente Fernando Collor disse ontem ao empresário Luiz Estevão que o trabalho da acusação no primeiro dia de seu julgamento pelo Supremo "não poderia ter sido melhor, porque não existem provas".
"Ele falou que o problema não é o trabalho de quem quer que seja, mas a carência de elementos para comprovar as acusações", disse Estevão, que visitou o amigo por quase uma hora.
Collor acompanhou os desempenhos da acusação, feita pelo procurador-geral da República Aristides Junqueira, e de seus advogados pelo telefone, tomando água de coco na varanda da Casa da Dinda com a mulher, Rosane, e um grupo de amigos.
Ele não quis aparecer para a imprensa. Às 16h05, enviou um bilhete "aos jornalistas de plantão" na porta da casa, onde disse aguardar "sereno e confiante" o veredito do tribunal.
"Observo nesses dias um recolhimento ainda mais profundo do que o dos últimos anos. Aguardo, como sempre, sereno e confiante, o veredicto da Corte Suprema de Justiça. Agradeço-lhes a paciência e a compreensão", diz o bilhete.
O ex-presidente continua a assinar como na época em que ocupava a Presidência e, aconselhado por um numerólogo, resolveu excluir o último sobrenome (de Mello): "F.Collor".
Segundo Luiz Estevão, Collor, vestido com uma calça marinho e camisa de algodão branca, sem mangas, estava "confiante no trabalho dos advogados".
Também esteve na Casa da Dinda Eunícia Guimarães, amiga de Rosane. Collor recebia telefonemas o tempo inteiro, dos advogados, de políticos amigos e de pessoas que prestavam solidariedade.
Um amigo da família ligou para informar sobre o estado de saúde do irmão do ex-presidente, Pedro Collor, que está sob tratamento nos Estados Unidos.
A notícia de que Pedro estaria "mal" teria deixado Collor "abatido". Na última segunda-feira, o ex-presidente disse à Folha que pode perdoar o irmão, "mas é impossível esquecer o que ele fez".

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