São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994
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BC vai flexibilizar compulsório em janeiro

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Alkimar Moura, disse ontem que "é possível" uma flexibilização a partir de janeiro dos recolhimentos compulsórios impostos pelo BC sobre várias formas de captação e empréstimos bancários.
Na avaliação de Moura, que ainda não está oficialmente confirmado na equipe econômica do novo governo, essa possibilidade é reforçada por ser janeiro um mês de demanda (procura por produtos para consumo) menor. "O cenário é outro", disse.
Moura não quis falar sobre quais seriam as prioridades para essa flexibilização. Segundo ele, o BC está estudando "uma cronologia para isso".
Segundo o diretor do Banco Central, apesar de todas as medidas até agora aplicadas nessa área serem transitórias, não há um prazo para o fim dos compulsórios.
"Desde julho o governo vem observando os efeitos do compulsório sobre o sistema financeiro. Quando se precisa flexibilizá-lo, o Banco Central o faz", afirmou.
Sobre a última ampliação dos compulsórios (circular nº 2.511), Moura disse que foi observado que o sistema tinha desenvolvido maneiras de contornar as medidas já existentes. "Estamos com um programa de estabilização que ainda não foi consolidado", justificou.
Alkimar Moura participou ontem de um seminário sobre a política monetária do Plano Real, no auditório da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Transição
O economista Paulo Guedes, também participante do seminário, disse que os recolhimentos compulsórios devem durar "dois ou três meses" se o governo não quiser que eles causem maiores danos ao sistema financeiro.
Guedes desafiou o governo a ser tão duro com os bancos estaduais como vem sendo com os bancos privados. "Quero uma ação fulminante do governo em cima desse problema", disse.
Já o economista José Júlio Senna, diretor do Banco Graphus, disse que os compulsórios funcionam como "uma ponte" até que o governo consiga promover o ajuste fiscal e garanta a uma estabilidade econômica mais duradoura.
Para Senna, isso não deverá ocorrer antes do segundo trimestre de 1995, até porque o Congresso Nacional só toma posse no dia 16 de fevereiro, um mês e meio após a posse do presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso.

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