São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994
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Pela última vez, ele chorou pelo Flu

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Palmeiras mostrou que é o time sólido, consistente, ainda que sem o grande brilhantismo dos outros times.
O Guarani, mesmo tendo a vantagem do empate, foi à frente e jogou bonito. Tem uma missão para kamikazes: fazer dois gols de diferença amanhã, no Brinco de Ouro da Princesa.

Eu dizia que o Roberto Carlos deveria ser prudente diante do Sandoval e ele iniciou a jogada de dois gols do Palmeiras.

A coisa ainda está mais para o Corinthians do que para o Atlético. Mas basta lembrar do Vitória nas semifinais do ano passado para...
Está nas mãos do alvinegro. Só nelas.

Que maravilhoso é o futebol de um país que, em uma só temporada, revela jovens como Luisão, Amoroso, Marques e agora, rei, rei, rei Reinaldo.

Ô Luisão, toma ciência, meu filho. Você é um bom de bola, mas a maré tá cheia de peixinho louco pra nadar.
Que negócio é este de desprezar a seleção de juniores? Não é só por patriotismo, embora ele seja fundamental no esporte.
Existe a experiência internacional. Um torneio desse tipo, pela rapidez da competição, amadurece bastante em curto espaço de tempo. Além disso, um jogador se forma disputando diversas divisões.
O próprio Romário, após o tetracampeonato, não disse que o seu objetivo era disputar a Olimpíada, um torneio, em termos de futebol, menos prestigioso do que a Copa do Mundo?
Alguém do Guarani precisa pôr a bola do Luisão no chão. O efeito pode ser o contrário. Em vez de estar encurtando o caminho para a seleção principal, Luisão pode estar deixando-o mais longo.

Desde a adolescência eu dizia que deveria ser feriado nacional nos dias em que Tom Jobim lançava um disco.
Guardadas as proporções, era como se o país ganhasse uma Copa do Mundo, a cada lançamento.

Como diz a canção de Caetano Veloso, a bossa nova nos colocou na dimensão da eternidade.
Só o futebol chegou tão longe.

Um país não pode perder, no mesmo ano, Ayrton Senna da Silva e Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim.
Um Silva e um Brasileiro que mostravam as possibilidades do lado bem bom deste país gigante.

Em uma de suas derradeiras entrevistas, aquela que seria publicada pela Revista da Folha, Tom Jobim disse que a última vez em que chorou foi por causa de uma derrota do Fluminense.

Poderia parecer dezembro de um ano dourado.

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