São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994
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Encontros deixam promessas por cumprir

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DO ENVIADO ESPECIAL

Promessas feitas durante conferências de cúpula devem ser encaradas com prudência, pois nem sempre elas se materializam.
Em 1967, por exemplo, 19 dos 20 presidentes reunidos em Punta del Este, Uruguai, assinaram uma declaração em que se comprometiam a criar um mercado comum latino-americano até 1980, o que nunca aconteceu.
Em 1956, na Cidade do Panamá, os 19 presidentes das Américas presentes se limitaram a concordar com um documento apenas retórico, que não teve nenhum efeito prático.
Segundo o presidente da Argentina, Carlos Menem, as cúpulas de Punta del Este e da Cidade do Panamá fracassaram porque boa parte dos governos do continente naquela época eram totalitários e ilegítimos.
Essa pode ser uma razão. Outras possibilidades para os fracassos: as relações entre os Estados Unidos e os países situados ao sul eram muito mais hierarquizadas do que agora.
Além disso, a Guerra Fria criava exigências de alinhamento automático que impediam um diálogo de igualdade entre os países e o ambiente político internacional não favorecia o consenso ideológico que agora existe.
Em Punta del Este, o Equador se recusou a assinar o documento final da cúpula em protesto contra as condições impostas pelos EUA para prestar ajuda financeira à América Latina.
Esse tipo de incidente é inconcebível agora. Pela primeira vez na história, os países da América Latina não estão pedindo auxílio aos EUA, mas mecanismos de integração comercial.
Apenas dois dos atuais chefes de Estado ou de governo presentes à Cúpula de Miami participaram da de Punta del Este em 1967: Joaquim Balaguer, 88, estava em seu primeiro mandato como presidente da República Dominicana e Eduardo Frei, 52, acompanhava seu pai, do mesmo nome, que era então presidente do Chile.
(CELS)

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