São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 1994
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Computador, você ainda vai ter um

MARCELO PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Agora é pra valer, honey. A indústria da informática investe pesado na pesquisa de qualquer componente, programa ou o que for que melhore a recepção do chamado "E-mail" via telefone. Se para você estou falando grego, aprenda a língua.
No conforto do meu lar, doce lar, na minha mesa e vícios preferidos, ligo qualquer computador de mil reais na parede, e estou conectado, do Vaticano aos guerrilheiros mexicanos (que usam "E-mail" para mandar notícias), da Nasa ao inferno, a custo zero. No início, resisti à idéia, até o dia que uma chuva de matar cavalos caiu, e não pude comprar o "Mercury News" de domingo. Liguei para eles, que me sugeriram ligar o computador, acessá-los e, que Jesus me parta em pedaços!, o jornal de domingo estava na minha tela, com janelas que mostravam os trailers dos filmes lançados na semana.
Já há meses que estou por aqui, e escrevo cartas longas e pequenas, amáveis e amigáveis, para amigos brazucas ou não. Cada selo nos EUA sai pela bagatela de meio dólar. Um amigo brasileiro paga um dólar para o correio brasileiro para me responder (o dobro). Aqui, carteiro anda de carro, entrega as cartas pontualmente, leva embora as que quero enviar, e custa a metade do brasileiro. O seu dinheirinho enriquece os cofres do correio patropi. Tem mutreta por aí. Não merece uma CPI?
PS - Para os poucos privilegiados que têm acesso à Internet, escrevo cartas longas e pequenas, e não pago tusta furado. Isto é sério, baby.
Uns fulanos por aqui descobriram que computador é gente. Montaram um grupo de pesquisadores para concluírem que neguinho se relaciona com computador como com seres humanos. Os fabricantes tiveram acesso à pesquisa, e injetaram milhões de dólares nela.
Alguns dados intrigantes. Tímidos preferem respostas tímidas de seus computadores, tipo, "não tenho certeza, mas acho que você deve repetir a operação". Extrovertidos preferem uma relação mais direta, tipo, "errou, imbecil". Computadores com voz masculina são mais confiáveis que com a feminina. É o que diz a pesquisa. Computadores com a caixa preta são mais confiáveis que com a branca. E por aí vai.

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