São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994
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Vacas produzem sorvete em Itupeva

SEBASTIÃO NASCIMENTO
ENVIADO ESPECIAL A ITUPEVA (SP)

A Arlina Agropecuária, em Itupeva (SP), conseguiu multiplicar seus lucros ao transformar o leite produzido por suas 60 vacas holandesas em sorvete.
Cerca de 90% dos 1.600 litros tirados por dia na fazenda viram sorvete logo após a ordenha, acrescidos de ingredientes chocolate e frutas, ou especiarias como damasco da Turquia e almíscar da Grécia.
Uma fábrica montada ao lado da sala de ordenha garante a industrialização rápida do leite.
A idéia de transformar a fazenda em sorveteria partiu do empresário Elie Lisbona e sua mulher, Maria Ângela Moreira Lisbona.
Eles implantaram o projeto há três meses em sua fazenda de 70 hectares na cidade de Itupeva.
Elie, nascido no Egito e criado na França, atua no mercado internacional de commodities agrícolas. A advogada Maria Ângela é filha de um dos pioneiros na importação de gado nelore da Índia, Arly Moreira.
"Meu pai era amigo de criadores famosos como Rubico Carvalho, de Barretos (SP) e Celso Garcia Cid, de Londrina (PR)".
Maria Ângela toca o negócio junto com o filho mais velho do casal, Patrick, 20.
A família investiu cerca de US$ 1 milhão na fábrica de sorvete e no trabalho de seleção do plantel puro do gado holandês.
Atualmente, 60 vacas encontram-se em lactação (fornecendo leite). Elas são ordenhadas de forma mecânica duas vezes ao dia e a produção média diária do rebanho supera os 26 litros de leite. É uma das maiores médias do país.
"O leite realmente sai das vacas e vira sorvete", diz Maria Ângela.
O caminho é curto. Após a ordenha, o leite é resfriado e segue para a desnatadeira, onde é tipificado. Depois, o produto é pasteurizado e acrescido de ingredientes importados.
Já sorvete, é maturado em uma tina durante três a quatro horas, para depois ser estocado em câmara frigorífica.
A fábrica está produzindo 2.000 litros/dia do Mambo Jambo, marca do sorvete. Uma parte é estocada. Este mês, Patrick espera vender 40.000 litros.
O produto é acondicionado em potes de dez, um e meio litros. O pote de dez litros, exclusivo para as casas de revenda e restaurantes, custa R$ 8.
Assim, este mês Patrick espera faturar R$ 320.000 com a venda de 40.000 litros de sorvete.
"E pensar que quando entregávamos o leite no laticínio praticamente não tínhamos lucros", diz.
Pelo leite tipo B, os laticínios pagam hoje entre R$ 0,27 e R$ 0,33.
Se recebesse pelo teto, a família Lisbona teria uma receita de R$ 15.840 pelos 48.000 mil litros de leite produzidos mensalmente.
Com apenas três meses de vida o Mambo Jambo, até agora distribuído somente em São Paulo, começa a ampliar seu mercado.
Ainda neste verão, lojas exclusivas da marca serão abertas no Rio de Janeiro, além de Campinas e Ribeirão Preto, no interior paulista.
Maria Ângela conta que outra loja funcionará durante o verão em Barra do Saí, no litoral norte de São Paulo.
"Esta casa será aberta para receber o público que já frequenta a casa dos Jardins e que vai atrás do sol nas férias", ela diz.
São 26 sabores, muitos com ingredientes importados como nozes e "mapel syrup" dos EUA, baunilha de Madagascar e pistaches iranianos.
Segundo Maria Ângela, a característica de seu sorvete é ser cremoso e menos doce.
'Além disso, seguindo o estilo europeu, o sabor do Mambo Jambo é mais pronunciado e sua pureza faz com que alimente muito mais", diz ela.

ONDE SABER MAIS: Mambo Jambo, rua Haddock Lobo, 1753, Jardim Paulista, tel. (011) 64-5176.

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