São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994
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Campeãs da marchigiana têm preço recorde

SÉRGIO PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na inauguração do mais novo espaço de leilões em São Paulo, o Morumbi Center, o alto preço alcançado por duas vacas marchigiana mostrou que o mercado do gado de elite chega ao final da temporada em alta.
No 2º Leilão Master de Campeãs Marchigiana, realizado pela empresa Programa no dia 5 passado, uma fêmea foi vendida por R$ 42.700, depois de intensa disputa entre os compradores.
Produzida pela fazenda Quatro Irmãos, de Umuarama (PR), a vaca Feiticeira é novo recorde de preço entre animais da raça e vai para o criatório de Aloísio Chaves, no interior do Pará.
O pregão vendeu também Gioconda da Cachoeira, campeã nacional da raça, de Nova Fátima (PR), por R$ 39.900.
Os 34 lotes proporcionaram faturamento total de R$ 219.500 e média de R$ 6.458,53.
O presidente da Associação Nacional dos Criadores de Marchigiana (ABCM), Adilson Cresta, credita o sucesso do leilão aos investimentos que os pecuaristas estão fazendo para melhorar seus rebanhos de corte.
Os cruzamentos nelore-marchigiana têm produzido novilhos, a campo, que ficam prontos para abate em torno de 24 meses e peso de 18 arrobas em média, segundo a ABCM.
"Este é o princípio básico da heterose, que neste caso (através do cruzamento) produz filhos superiores aos pais em precocidade e rusticidade", explica Cresta.
Oriundo da região de March, na Itália, o gado marchigiana tem a seu favor semelhanças raciais que o aproximam do nelore, principalmente em termos de pelagem e resistência ao clima quente.
Um teste realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mostra que a raça atingiu 9,51 pontos de tolerância ao calor, contra 9,87 do nelore. A amostragem leva em conta uma escala de zero a dez.
Estas características, explica Cresta, colocam o marchigiana em vantagem diante de outras raças européias, quando o fazendeiro opta pelo cruzamento com zebuínos.
"Isto ocorre porque nossos touros resistem ao clima quente do cerrado", diz.
Raças como hereford e aberdeen só entram bem em cruzamentos com nelore na região através de inseminação artificial.
Junto com esta tendência, os criadores identificaram um segmento de mercado em crescimento e que tem pouca oferta de touros. Por isto, estão lançando um programa que pretende produzir 500 touros puros em 95.
Trata-se do Projeto 500, que colocará à venda -em quatro parcelas- fêmeas selecionadas prenhes, em todo o país. A ABCM, que já tem 300 associados, pretende atrair novos criadores.
Dentro do projeto está o incentivo à transferência de embriões. Esta técnica permite o aumento rápido do rebanho através de fêmeas selecionadas, que no manejo convencional produzem apenas uma cria ao ano.
"Uma vaca é capaz de produzir 20 embriões viáveis durante o ano, o que nos permite atender a demanda de touros, que deve crescer ainda mais em 95", diz o presidente da ABCM.
Pelos cálculos de Cresta, um touro puro marchigiana pode alcançar um valor que varia entre 80 e 100 arrobas de boi gordo (R$ 2.500 e R$ 3.000).

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