São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994
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Covas critica Fleury por ameaça a 13º

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

CARLOS MAGNO DE NARDI
A ameaça do governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB), de não pagar o 13º salário do funcionalismo abriu mais um foco de atritos com seu sucessor, Mário Covas (PSDB).
"Quer dizer que nenhum outro pagamento vai ser feito até o final do ano?", indagou Covas. Ficou ainda mais contrariado ao saber que o não-pagamento era uma resposta de Fleury à suspensão da venda de ações da Eletropaulo.
"O dinheiro dessa venda vai sair carimbadinho e escrito '13º'? Ele não vai pagar mais nada nesse período?"
A venda de 30% das ações da Eletropaulo foi suspensa pela Justiça. Covas acredita que o dinheiro da venda sirva para pagar dívida atrasada com empreiteiras. Ele pretendia fazer auditoria nessa dívida.
Há pouco mais de um mês, o secretário de Fazenda, José Fernando Boucinhas, disse em entrevista à Folha não haver nenhum tipo de problema para o pagamento de funcionários até o fim do atual governo.
Ao saber que Fleury poderia suspender o pagamento do 13º, Covas foi irônico. "É uma pena que o governador não tenha feito provisão para pagar o 13º."
Usou a mesma ironia para criticar Fleury por aumentos dados de última hora a setores do funcionalismo, entre eles os policiais militares. Esses aumentos começam a ser pagos na administração Covas.
"É uma pena que ele não tenha feito provisão para dar o aumento dos policiais antes. É uma pena que não tenha feito provisão para dar os outros aumentos que está querendo dar agora", afirmou.
Em Campinas (99 km a noroeste de São Paulo), o tucano disse ser "inconcebível" o atual governador querer vender ações da Eletropaulo para pagar o 13º salário.
"Mas como? O pagamento do 13º não estava previsto desde o início do ano? Não se gerenciou o orçamento?", disse. O governador eleito foi a Campinas para participar de um seminário.
Covas não descartou a possibilidade de privatizar estatais do setor elétrico para pagar dívidas do Estado. "Mas não vou fazer isso para pagar salário."
O vice-governador eleito, Geraldo Alckmin, disse que o condicionamento do 13º à venda da Eletropaulo "é o retrato do atual governo, que tem que vender empresa para poder pagar salário de funcionário".
Para o secretário Boucinhas, a venda de ações da Eletropaulo está prevista desde setembro. O dinheiro, disse, serviria para pagar o 13º.

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