São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 1994
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Justiça investiga desvio de verba em prisão

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral de Justiça, José Emmanuel Burle Filho, 50, abriu ontem procedimento para apurar o desvio de US$ 2,08 milhões da conta do Tesouro Estadual da Penitenciária de Franco da Rocha, a segunda maior do Estado de São Paulo.
Burle Filho disse que requisitou cópia da sindicância da Secretaria da Administração Penitenciária que constatou o desvio do dinheiro para contas particulares de funcionários do presídio.
Através do procedimento, deverá ser determinado quem ficará encarregado de apurar o caso, a Procuradoria Geral de Justiça ou a promotoria de Franco da Rocha.
Só então deverão ser abertos inquéritos civil, para apurar o enriquecimento ilícito dos envolvidos, e criminal, para investigar o desvio do dinheiro e a falsificação de documentos.
O secretário da Administração Penitenciária, desembargador José de Mello Junqueira, 60, disse que já fez tudo o que deveria fazer. "Vou enviar cópias da sindicância para a Procuradoria Geral de Justiça e outros órgãos."
O presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado), conselheiro Edgar Camargo Rodrigues, pediu à Secretaria da Administração Penitenciária o envio imediato de cópias da sindicância.
O ex-diretor do presídio Raul Ribeiro disse, ao depor na sindicância, que funcionários do TCE receberiam propina para fazer "vistas grossas" ao desvio de dinheiro e às licitações fantasmas.
O diretor da Corregedoria da Polícia, Ruy Estanislau Silveira Mello, disse que irá esperar o recebimento de cópia da sindicância para investigar o delegado Alfredo Ondas, 36.
Ondas era funcionário do presídio em 1990, quando teria recebido um Santana do ex-diretor Amador Bueno de Paula. O carro teria sido pago com dinheiro público.
Ondas está agora na Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Americana (SP). Ele disse que foi vítima de uma armação para comprometê-lo com o esquema de desvio de dinheiro.
Segundo ele, o carro foi comprado através de um empréstimo, que ele diz ter pago com suas economias. "Não sabia que o dinheiro era do Estado", afirmou.

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