São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 1994
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Collor festeja absolvição até a madrugada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Até o cabelo que Claudio Vieira cultivou durante os dois anos entre o impeachment de Fernando Collor e seu julgamento acabou sendo cortado anteontem, na euforia que tomou conta da Casa da Dinda após a absolvição do ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal.
Vieira, ex-secretário particular de Collor, foi agarrado pelos amigos aos gritos de "corta! corta!", e recebeu um corte no estilo Chanel de Marisa Macedo Soares, vizinha e uma das mais assíduas frequentadoras da Dinda atualmente.
A festa durou até a madrugada de ontem, apesar de o ex-presidente ter afirmado que não haveria comemoração. Na Dinda, pela manhã, a telefonista não tinha sequer autorização para passar ligações. Todos estavam dormindo.
Collor passou a maior parte da noite atendendo telefonemas e conversando com seus advogados, Evaristo de Moraes Filho e Fernando Neves da Silva.
Vestido com calça marinho e camisa social branca, sem gravata, o ex-presidente sorria muito. Assistiu noticiários de TV, com seus 30 convidados, no escritório da Casa da Dinda.
Collor não resistiu à oportunidade de dar uma alfinetada no senador Humberto Lucena (PMDB–PB), que teve sua candidatura à reeleição cassada pela Justiça e agora pretende se beneficiar com um projeto de anistia.
"Não me interessa ser anistiado junto com criminosos", afirmou aos parlamentares colloridos que preparam projeto para anulação da cassação de seu mandato, que resultou na perda do direito de se eleger até o ano 2.000.
O ex-presidente disse que pensa em pedir ao Senado que faça uma "reflexão" sobre seu caso.
Ao contrário da era Collor, quando as festas na Dinda eram regadas a champanhe Cristal, anteontem foram servidos salgadinhos, uma torta feita com pão, uísque oito anos, cerveja e refrigerantes.
Depois da meia-noite, Collor e alguns amigos desceram para a beira do lago e soltaram 75 rojões em comemoração.
Os convidados passaram a noite na sala e na varanda da casa. As mulheres se dividiram entre a varanda (onde ficaram as amigas da ex-primeira-dama Rosane Collor) e a sala de jogos (onde estavam as mulheres dos advogados).

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