São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994
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Góticos voltam do túmulo dos anos 80

DA REDAÇÃO

O hype sobre "Entrevista com o Vampiro" nos EUA traz à tona –de novo– o assunto dos góticos. No Brasil, onde o filme estréia amanhã, à exceção do gótico de Eri Johnson interpretado tardiamente em "De Corpo e Alma", de 92, ninguém fala mais neles.
Em linhas gerais, seriam aqueles seres (há quem ainda use a palavra tribo) que se vestem de preto, têm aspecto sorumbático e gostos musicais idem que empestearam os anos 80.
O semanário nova-iorquino "The Village Voice" publicou mês passado guia para identificar os novos góticos –e os de sempre. Acompanhe. Eles podem aparecer por aqui também.

Anda deprimido? Com raiva? Você se descobre usando roupa preta o tempo todo sem fazer parte do mundo da moda? Adorando (ainda) o Bauhaus? Se você respondeu "sim", já ganhou alguns pontos góticos.
O que fazem os góticos hoje? Sua imagem autoperpetuada é que ficam por aí fumando cigarro de cravo (uma boa marca é Djarmi) e cultivando sua depressão.
Eles contam piadinhas sem graça, tipo "quantos góticos é preciso para se trocar uma lâmpada? Nenhum –eles gostam de ficar no escuro". Formam bandas –alguns dos grupos populares na cena de NY são o Sofia Run e o Where I Wake Warm– e discutem vários assuntos mórbidos via Internet.
Como determinar se uma pessoa é gótica ou apenas congenitamente infeliz? Por seus gostos em termos de música e roupas. Os estilos mais usados são o look "acabei-de-sair-do-túmulo" e o look "acabei-de-sair-da-Inglaterra-vitoriana".
O primeiro implica em saias e camisas rasgadas, meias aos pedaços, camisetas gastas de roqueiros, botinas de combate ou superpontudas com toneladas de fivelas, bolsas pretas e piercings.
O look vitoriano é mais complexo e também mais sutil. A maquiagem é elaborada, o cabelo muitas vezes pretíssimo, simplesmente. As roupas são clássicas e o veludo é muito usado, além de écharpes rendadas antigas, luvas até o cotovelo e jóias de prata.
Não é fácil definir o que seja música gótica. Ela inclui a industrial (Front 242, Ministry), o gótico "clássico" (Bauhaus, Sisters of Mercy), o etéreo (Dead Can Dance, In the Nursery), a mainstream (Peter Murphy, NIN), o neogótico (The Wake, Mephisto Waltz) e a música simplesmente estranha.
Ser gótico às vezes cansa. É comum ser alvo de comentários tipo "Ei, ainda faltam X meses para o Halloween!". Mas também tem suas compensações: eles nunca têm problemas em combinar cores.
Tradução de Clara Allain

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