São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 1994
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Resultado pífio

O processo de privatizações não foi, lamentavelmente, uma prioridade do governo Itamar Franco. Só 8 das 32 empresas cujos leilões estavam previstos para este ano foram vendidas. Esse pífio resultado dimensiona a falta de empenho.
Ao longo do ano, algumas vendas foram adiadas sob o argumento de que havia suspeitas de irregularidades ou subavaliação das empresas. Ainda que isso possa ter ocorrido em alguns casos, seria motivo para investigações e diligências, mas nunca para justificar uma desaceleração tão acentuada do processo de privatização.
Seja por apego aos ultrapassados padrões de participação empresarial do Estado que vigoraram no Brasil em décadas anteriores, seja por motivos de caráter corporativista ou razões de ordem particular, grupos dentro e fora do governo retardaram as reformas necessárias à modernização da economia e à estabilidade monetária.
O equilíbrio consistente e duradouro das contas públicas não será alcançado se o setor público não sofrer uma reforma profunda. Ademais, é irracional empenhar verbas públicas em atividades que o setor privado é capaz de cumprir com maior eficiência. Nunca é demais reiterar que o Estado deve ater-se a suas funções precípuas.
Os exageros no processo de industrialização por substituição de importações criaram uma cultura de protecionismo e paternalismo estatal. A União e os Estados ramificaram suas atividades empresariais. Essas distorções, já superadas pela história, precisam ser abolidas da realidade atual.
Hoje, reformar o Estado é uma necessidade premente. Equilibrar receitas e despesas, eliminar atribuições que não cabem ao setor público e reorientar sua ação são quesitos fundamentais para que o país tenha sucesso no processo de estabilização e inicie daí um novo ciclo de desenvolvimento. Já se desperdiçou tempo demais.

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